Adivinha D'encantar
Sou d'encanto encantado, mostr'a face, a vera tez, de quem olha e perscruta e, inda assí, se qued'à escuta. Mimetismo, o mais burlesco, de ver tanto e tanta gente, de copiar o movimento, o exacto rigor, macaqueando, do maníaco s'expressando e a suave lassidão da donzela d'ocasião. Mesmo ao príncipe eu repito, sempre itero & admito que bonito não é de s'enxergar, pois qu'é velho, verrugoso e responde, verrinoso, Mas sou d'alta potestade e ordeno m'ostres belo. Eu por ora, igual a mim mesmo, faço que não ouço e bem deveras sou mouco & mudo, embora honesto na fiel reprodução do que passa e do que fica. Porém, nunca por nunca, esqueço e se vós olhardes bem meu corpo polido, d'opalina ventura, descortinareis, mais esbatido, todo o rosto que já não é, no ricto final da hora fatal, em sendo a última presença nesta terra de bem querença. ![]() ![]() |
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