31 janeiro 2006
(s/ título)
Salvé, os três da vida airada, da vida doce, despreocupada. O tempo é deles, a vontade pura de quem não faz nada. Passeiam e cantam e jogam graçolas, plen'alegria e vivem d'esmolas. Comem o pouco mas bebem fundo que o tempo na terra só dura um segundo.
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30 janeiro 2006
(s/ título)
Salvai o que ainda há para salvar e queime-se o resto. Viajar leve, sem impecilhos, é pensar avisado do bom viajante, mesmo que o seja contra-vontade. Expulso do existir prazentoso deste jardim repleto de flores furta-cores.
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29 janeiro 2006
(s/ título)
Ansioso, perplexo entre o côncavo e o convexo. Era a música das esferas que m'acalmava tantas esperas. O que digo? Qual o nexo, quando se ama o Belo Sexo?
22:02 | 0 Comentários

28 janeiro 2006
(s/ título)
Eu sei os teus seios de cor. Toco o teu dorso de corça ágil-sem-esforço. E, as coxas de rola, como coxins. Sorvo, todos os teus sabores, com a ânsia do maior dos amores.
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27 janeiro 2006
D. Aduzinda
D. Aduzinda, aduza então suas razões, que neste tribunal é tudo gente de bem, sua amiga e conhecida. Até o Juiz de Fora, a princípio suspeito por não ser das cercanias, revelou-se um bom rapaz, sensato e pertinaz. Também não se preocupe de lhe cortarem a cabeça. Queira Deus qu'isso lhe não aconteça, mas se tal for impossível de evitar, vai ver que não custa nada, zaz, num suspiro se corta a goela, golpe escorreito feito a preceito, porque muito a estimamos e a D. Aduzinda merece toda a consideração e apuro do nosso algoz. Vamos, não se acanhe, diga lá, estávamos a falar das galinhas, sim ... eram gordas ... então, a D. Aduzinda...
22:11 | 0 Comentários

26 janeiro 2006
Os Vermes
Um país assim tão pobre, de pantufas e de robe, que a riqueza se foi deitar para não nos aturar. É pobrezinho, miudinho, nas almas e nas gentes. C'andam muito deprimidas, muito assim, desiludidas, sem vontade na labuta. Quem quer ouro vai à luta, bate em todos e sobe bem e c'um pouco de cicuta, se vai ainda mais além. Força, trai o teu amigo, tira tudo o qu'ele tem. E, do pouco que sobrar não o dês a ninguém.

Matem os vivos e salvem-s'os Vermes.
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25 janeiro 2006
Ladainha do Bom Empregado
Ó farsola, és um estarola, passas sempre a brincar. Não dás atenção ao Chefe, o Deus na terra, que nós devemos adorar. Tens espinha, não és sabujo, mas andas sempre muito sujo. Não sabes (ou não queres saber) que o Homem é teu dono. Verga-te, seu farsola, ou te pego pela gola, e te faço bem pagar o tributo de respirar. Que aqui só há respeito, quem manda rebrilha e quem serve empalidece. Nunca ninguém adoece, nunca ninguém sequer espirra, pois ao Chefe se obedece, mesmo s'Ele c'o a gente embirra.
14:02 | 0 Comentários

24 janeiro 2006
O Protegido
Se valia, noite e dia, tanta preocupação? Do cantar da cotovia até à hora do leão, era uma a gritaria, uma gran consumição.

«Ai meu rico, rico menino, só dás trabalhos, és tão estouvado e não aprendes a lição.»

Bem, na vida, é ser sereno, avisado e prudente. Que os prigos são mais que muitos e não se deve ser indolente.

Que será de ti meu petiz, quando nós desaparecermos? Sem dinheiro e sem trabalho, a viveres em sítios ermos.
Sem ninguém, só, desvalido, pois não é à toa, que te chamam «O Protegido».
12:22 | 0 Comentários

23 janeiro 2006
Cogita o Sábio Infeliz
Supérflua vã eloquência quando falta paciência pra sorver tanta ciência. Qu'a humanidade distraída está, em si, tão divertida a contar as estrelas, mesmo se já não pode vê-las. Praquentão tola vaidade, que dizer, oh, Felicidade, s'esta vida é um novelo de tristeza em atropelo?
03:12 | 0 Comentários

21 janeiro 2006
A Lição d'Informática
Leia o ecrã
[com muit'atenção
Aponte c'o a seta
[e clique no botão.
23:45 | 0 Comentários

20 janeiro 2006
Tomasses tino, ó Isaltino
Isaltino mui ladino, senhor de grand'abnegação. Não passava noite ou dia sem ajudar seu irmão. Criança rapaz ou velhinho, era a sua devoção.
Pra acudir a humanidade vivia tod'essa emoção, até que tanta bondade lhe rebentou o coração.
18:52 | 0 Comentários

19 janeiro 2006
(s/ título)
Sonhar acordado e viver assustado, em precária conjugação, ai, que grande consumição. Andando aí, por aí, a esmo, sem destino, temendo a todo o momento perder o resto do tino.
E, no entanto, que vastos planos, que ébrias construções, vendo cidades nas nuvens e mundos e constelações, em meio dos momentos de pânico, tão belas fulgurações.
19:54 | 0 Comentários

18 janeiro 2006
(s/ título)
Marchetado de loucura, esta vida d'impostura, que por são se faz passar quem é louco d'internar. Vozeirão adentro da cabeça: és feliz?
E ninguém sabe, ninguém ouve, qu'ele, de facto, é uma couve.
12:22 | 0 Comentários

17 janeiro 2006
(s/ título)
D'esostérica catadura, toda ela em desmesura, um Dragão de Singapura. E destrói toda a ternura, quando fere já não há cura.
Fuge, fuge, vem aí qu'inda agora eu o vi. Vem com pressa de matar, vem tão lesto, é mau sinal, que ninguém há d'escapar.
Pois, é com calma que vos digo: ficai em paz com voss'alma, contra este mal não há abrigo.
13:09 | 0 Comentários

16 janeiro 2006
Recado
Aqui venho, aqui vou, c'o menino e c'o avô. Abre o olho na refrega, c'a morte te enxerga. Era fúria, justa e sã, era fome, era anelo, mas sem arte nem desvelo.
E, tem cuidado c'o juiz, ouve tudo o qu'ele te diz. Que, mal sabes o c'acontece, se lhe chega a mostarda ...
18:41 | 0 Comentários

15 janeiro 2006
(s/ título)
Um riso escarninho quando a prole pede pão. Figura austera, negra, escondida num desvão. E o rio passa, lodoso.
Sorve o ar e sente o frio, em manhã de desilusão. Só invernos par'esta gente. Só tristeza e solidão.
19:39 | 0 Comentários

14 janeiro 2006
A Arte da Guerra?
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13 janeiro 2006
Microstórias (extra-catálogo)
Sempre fora ensandecendo ao serviço da lucidez.
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12 janeiro 2006
Venham Eles
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15:29 | 0 Comentários

(s/ título)
Se fora pássaro trinava, p'la plenitude do espaço. Ora, se fora peixe, visitava as profundezas mais profundas. E se fora felino, rugia temores, nas presas.
Como fui homem, sonho e cogito no que poderia ter sido.
11:47 | 0 Comentários

11 janeiro 2006
Dos Dias em Sonho
Hoje, dia nunca de vária sentença, no acontecer dos sóis e o fusco em líquido e em musgo, serena, serena que há de passar, a lua é nova, acabadinha d'estrear.
Mas os caminhos são ora, que é chegada a hora, p'la terra, p'lo mar, eis, finalmente, o despertar.
17:38 | 0 Comentários

10 janeiro 2006
Cantiga da Gatinha Azul

Sou uma gatinha
Azulinha
Tenho patinhas de lã
Sou uma gatinha
Azulinha
E durmo toda a manhã

Sou uma gatinha
Azulinha
E faço ron-ron
Sou uma gatinha
Azulinha
E brinco com um pom-pom

Sou uma gatinha
Azulinha
Tenho um lindo pêlo
Sou uma gatinha
Azulinha
Fofinho como um novelo

Sou uma gatinha
Azulinha
Gosto muito de ti
Sou uma gatinha
Azulinha
E mio só para ti

Sou uma gatinha
Azulinha
Canto esta canção
Sou uma gatinha
Azulinha
Com paz no coração
09:08 | 0 Comentários

09 janeiro 2006
Fala o rico
Cheira sempre tud'a esturro, mas como tanto que m'empanturro.
Ser assim rico e opado c'as vísceras do meu criado é fartança bonançosa qu'este mundo é minha rosa. Tudo é bem, tudo flui, sem escolhos, sem ai nem ui.
Se tens grande mealheiro, recheado de dinheiro, és o príncipe da História, invejado por essa escória que labuta e vai à luta mas para quem a vida é...
Adiante, já é tarde, vou embora sem alarde, mesmo sendo endinheirado aprendi a estar calado: há sempre almas, pobrezinhas, que me pedem esmolinhas. E eu, pra me não fazer rogado, corto-lhes logo as mãozinhas.
19:15 | 0 Comentários

08 janeiro 2006
Dança a dois tempos
Cantem ora esta cantiga, força agora na modinha, ai que linda rapariga é trigueira e pequenina. Salvé Reis, imperadores e pedreiros e pescadores, todos juntos, uma voz, que todos somos pecadores, todos temos noss'amores.
14:44 | 0 Comentários

07 janeiro 2006
(s/ título)
Daquela vez eu te senti, te chamei mas nem te vi. Foste embora na demora duma espera qu'é agora. Fiquei só, naquela hora, fiquei só, fiquei sem ti. Nesta espera e neste agora, sinto o peso da demora.

Mas agora, na boa hora em que te vejo, te chamarei sem mais demora.

Será est'hora que ouvirás o apelo, de quem chamou sem ser ouvido, de quem t'amou mesmo escondido, de quem esperou sem um ruído?
Pois, sei-o agora, é com um suspiro que melhor serei ouvido.
09:14 | 0 Comentários

06 janeiro 2006
Aos Gulosos
Hiperfágica creatura, o glutão. De hábitos vorazes, seu imenso apetite não conhece os limites que são impostos aos demais. Tanto assim foi (oh, por demasiado tempo, tragou tantas coisas preciosas) que tiveram de o prender. Manietado, de pés & mãos, não encontrou sossego e pôs-se a roer as correntes que o cingiam. Amordaçaram-no. Logrou engolir a mordaça. Prenderam-no pelo pescoço. Aquietou-se, pois que nada a mandíbula assi alcança.
Desde então definhou.
A sua imensa carcaça d'outrora é hoje pel'yosso, hedionda visão dependurada no cárcere.
14:36 | 0 Comentários

05 janeiro 2006
Microstórias #10
«Não me consigo encontrar
[ passo por mim e não me falo.»
19:44 | 0 Comentários

04 janeiro 2006
Milonga d'Aleijadinha
Sente a vida, sente agora, olha a lida em tu volta. A hora é já, é hora imota, à tarde é viva, à noite é morta.
Vai ou fica não s'importa, acorda triste, acorda torta.
16:06 | 0 Comentários

03 janeiro 2006
A Hora da Salvação
Qu'é de minha natureza sentir esta tristeza. Avante Saturnino, vai salvar o menino, das garras de quem num lhe quer bem. Nula sorte apaga a morte em terra boa, em terra má. Veste o fato, põe o gorro e vai prestes em seu socorro. Oh, linda rapariga que vai lesta a passar, vã esperança acalenta de mui ora se casar. Salta o fogo, fuge agora, qu'inda te não hão d'apanhar.
12:51 | 0 Comentários

02 janeiro 2006
Microstórias #9
«Tome xarope Fortil e tenha a força de mil.»
00:30 | 0 Comentários

Microstórias #8
A Esther e a Érica.
00:29 | 0 Comentários

Microstórias #7
O Dedo d'Aço
[ & o Língua D'oiro.
00:27 | 0 Comentários

01 janeiro 2006
(s/ título)
Há, uma infinita tristeza em toda a certeza. No langor matinal (levanta-te, toma o café, compra o jornal).
No rio, que já não corre para o mar. Passeia, perplexo, sem destino, sem nexo.
Até que uma diáfana - oh, tão inocente - bola de sabão, explode em combustão, deixando a terra na mais pura & serena devastação.
23:13 | 0 Comentários

Microstórias #6
«Oé, o Rei da rimas.»
01:33 | 0 Comentários

Microstórias #5
Estou em pão torrado.
01:32 | 0 Comentários

Microstórias #4
A Lucy Neide.
01:29 | 0 Comentários

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