30 abril 2010
(s/ título)
A escrita reinventa e cria o mundo à distância do tempo: não logo no buliço do mundo mas no prazo certo do perecimento inevitável das gerações. As cidades de Homero são tão mais vivas agora que ninguém conhece de conhecimento mundano quem outrora o poderá ter conhecido. O mesmo se diga de Shakespeare quando sua Albion feneceu sem deixar quase que essa memória das letras. Mesmo junto a nós se vai sedimentando um orbe todo feito de literatura.
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29 abril 2010
(s/ título)
Quanto tens de vida sem que não soçobre a vontade num instante momento? Insaciável, é certo, porque sua natureza é a da renovação; um ritmo próprio que desespera o pensar porque este se quer contínuo e tensionado e linear, sem os altos e baixos que a tua carne, frágil, caprichosa, impõe.
Imaginai um plano ideal sem uma onda a perturbar sua hialina natureza... Será só o anjo a encontrar tal benfazeja felicidade.
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28 abril 2010
(s/ título)
Manter-se na superfície polida das aparências, como o arco de tão retesado que já contém em si a queda; mas, sendo esta inevitável, s'eterniza no desejo de ser para sempre força e vontade e alento para mais sem o limite próprio de tudo quanto veio a ser.
Olha-te no espelho: verás que és feito de cinza.
Oha em teu redor: verás que os outros também são feitos de cinza.
Olha, enfim, o mundo: verás que ele e todos os seus múltiplos objectos são cinza.
Contempla, nesse mesmo alor, a divindade: verás que sua omnipotência é tão-só matéria d'olvido.
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27 abril 2010
(s/ título)
uma vasta memória do mundo, embora não infinita. Conceda-se. Mas nem a tendência d'abjecta volição se destaca do quadro da hipótese, movimento ainda que degenerescente, mórbido e tenaz. Vontade d'impossível, de louca maravilha, iterando-se em toda a matizada complexidade do orbe que é sua especular e última natureza. Recriar e não criar olhando o modelo. Esse permanece na realidade tímida da cognição, o grito mudo de morte irisado de luzes inexistentes, o olor de um tempo sem era, enfim a metamorfose do paradoxo. Camadas e camadas de luta fera contra o sentido, abolindo-se o que possam as parcas forças. Nunca perder, no entanto, a ideia d'urdidura, daquilo que t'absorve e renega.
Assim a mui erada Árvore nos sobreviva.
Um dia, alguém saberá sua cifra.
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26 abril 2010
(s/ título)
As infinitas gradações do sentir. Não só o vislumbre d'absoluto ou até chã-alegria mas aquela irisada melancolia plena do elemento espúrio em dose, quanta vez homeopática. A conta-gotas.
Um estar, assim, um pouco triste: de um cansaço todo antigo, clássico recorte em tom-lamúria; feito da fragilidade das pernas, ao peso do corpo contrafeitas.
Suave como o lago mas só na primeira aparência. Por debaixo ...
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25 abril 2010
Viagem a Itália
O esplendor dourado
O véu d'argento
O fulvo rubor do vermelho
E, no pleno: azuis.
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24 abril 2010
(s/ título)
intensidades. Intens'intensidades. O próprio ar pleno d'ideias por nascer.
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23 abril 2010
(s/ título)
digo-te que estou onde o azul é mais azul. E isso, sendo dizer muito é também um nada dizer. E porque toda essa totalidade é laboratório de vazio; e porque o que preenche não é o conteúdo mas o espaço ínfimo entre as cousas ... mais ainda, é o verbo; a dádiva, o pleno sentido, isso sim, preenche e completa e é âmago e talvez a gota d'inefável que vem de nos dar aquilo que já foi nosso: reecontro.
Não há como a comédia delirante de uns livros de fogo & fel.
Às vezes, imagino que trabalho, em dimensão e funduras, apenas para a posteridade. Outras, claro está, temo não fugir ao Zeitgeist; d'embarcar nesse alor de mítica transcendência, sabendo que está em voga mas seduzindo e tolhendo; a ponto d'odiar a metáfora, redimir o que é bento, desesperar da poesia ínsita a cada cousa. Por tanto o impulso de me desdizer, reinventar de outras e outras desabridas maneiras; clamar ou dizer: basta. É um pomo no fundo de um poço do qual só tenho o caroço.
O que digo é críptico mas tem um preço: é a verdade. Não aquela d'almanaque mas de finura e a lâmina própria de quem somente procura.
Oxalá, um dia, encontre.
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22 abril 2010
(s/ título)
vago é o sentido. Vago é também o projectar delirante desse sentido. Soçobraste no irrepreso fascínio da Palavra - daquela que é signo de toda Literatura?
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21 abril 2010
(s/ título)
c'aquelas formas qu'habitam em vós se façam ouvir pla minha voz.
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20 abril 2010
(s/ título)
centos de coisas se fazem no mundo. E o mundo é vário e o mundo é vasto. Salva-se o gesto que é igual e assim, desde que bípede é o homem, intemporal.
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19 abril 2010
(s/ título)
não pensar: eis o supremo vício.
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18 abril 2010
(s/ título)
a alma da terra pequena é de um tudo porque quere remir a dívida d'imensa finitude que a estrangula. E, do mesmo modo, cada humilde, embora não gentio, reinventa todo o mundo, e nele é o Sol e o centro. Essa a cifra dos homens, a razão de quanto desengano.
Já com aquele de grado poderio menos se confunde a vista: seu sentir é um cosmo de possibilidade, sua escolha é lei: com mando vai o ensejo. Assim o digo porque o sei. Em tanto se fez a urbe que é História. Na arquitrave do erro vivem os demais.
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17 abril 2010
(s/ título)
nada é ufano, tudo é tenaz; que vive enrolado, em novelo, sobre si mesmo. No obscuro, nem só de nossas percepções, mas do mundo mesmo. E nessa penumbra de alma temos sorte se lograrmos ser espectadores de nós ainda que em retrato especular e por isso com os vícios e ambliópticas distorções. Ao contrário, portanto, desse de vasta, infinda ciência de quem muito vê e não esquece. Também, por isso é que s'ausenta porque se lhe fosse exigido constante atenção a tudo o que vive e até àquilo que é tão-só... melhor é jogar tudo naquele antigo lance (o de Dioniso), coisa, de resto não difícil para quem permanece anterior ao tempo. E mais: só por isso é que o cosmo se não afundou sobre si. Porque se não vê como posssível que uma creatura de tanto poder não exerça, a seu modo, uma peculiar forma de loucura, nomeadamente aquela, de quanta perfeição houver. E por mais que se demonstre a forçosa existência da suprema potência se notam, aqui e além, sinais dessa teratológica ventura. Difícil não é criar algo ex nihil, difícil é estar num estágio d'insofrida satisfação tal que s'enfrente a razão do informe e se queira dar esse ínfimo piparote. Difícil é ser aquele que, por antonomásia, é e criar um outro. Menor d'imperfeito é certo. Mas um outro que, um belo dia, s'apercebe de todo este embuste.
Ou, talvez queira uma testemunha cônscia da germinante - porque inevitável - implosão do porvir.
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16 abril 2010
(s/ título)
o desconcerto. O quantum do desconcerto. Cai e é vão dessa múltipla tristeza. Muito ocas são as palavras, curto é o sentido.
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15 abril 2010
(s/ título)
sois vós, acaso, o dono da Terra?
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14 abril 2010
(s/ título)
uma figuração visceral, cumprindo uma disciplina d'indulgência.
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13 abril 2010
(s/ título)
Demasiado branco.
Demasiado sujo.
A vida é uma convulsão.
Mas as volutas de crepes e fumos
o mor das águas...
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12 abril 2010
(s/ título)
universos paralelos
só de luz & amarelos
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11 abril 2010
(s/ título)
O que poderás conquistar com o feliz manejo do verbo?
Sairás da penumbra? Para um destino todo-luz?
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10 abril 2010
(s/ título)
Nunca ficaste preso a uma evidência? É o destino dos homens-do-tempo, sentirem e abafarem debaixo de um horizonte comum. Quando tantos buscam a novidade radical, aquela mesma que rasga e redesenha o mundo... menos do que isso não chega, não te basta e, assim, padeces, sofrendo & errando por tantos caminhos...
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09 abril 2010
(s/ título)
o fascínio pelo labirinto é apanágio d'inquietude.
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08 abril 2010
(s/ título)
Têm d'existir mil mundos porque é forçoso que a divindade experimente todas as cambiantes. Ou, então, apenas um; mas, esse, eterno.
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07 abril 2010
(s/ título)
Ontem, quando começou o mundo, tudo foi pela primeira vez. Amanhã, a mesma matéria conhecerá o derradeiro ensaio.
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06 abril 2010
(s/ título)
Quando perceberes que tudo é ritmo poderás - como Proteus – devir e ser quem és.
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05 abril 2010
(s/ título)
A completude é a suprema miragem. Por ela os homens vendem os bens, renegam a mulher e os filhos, partem em douda viagem, penetram no labirinto, buscam asceses e poções, cambiantes e variações, mergulham nas águas, turvas e turbulentas, d'oxalá.
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04 abril 2010
(s/ título)
Em um segundo se mudam todas as cousas.
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03 abril 2010
(s/ título)
Outrora e no futuro serei feliz. Hoje padeço.
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02 abril 2010
(s/ título)
Vários são os caminhos mas una é a vida.
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