22 janeiro 2007
(s/ título)
Escrever até à irrisão ou, d'inverso, até à loucura, eis o objecto ou abjecto objectivo de meus dias. Abjecto, palavra forte e dolorosa, porque escrever até à irrisão é uma ofensa à divindade, que muito puxou plo bestunto para engendrar esta insidiosa creatura, que algumas almas caridosas teimam em chamar de homem, e não quer ver o laborioso resultado do Seu labor devotado imerso na mais fútil das ocupações.
O segundo argumento também envolverá o Altíssimo mas, desta feita, englobando também o cosmo por Ele divisado e, a seu tempo, gerado segundo exactos e rigorosos preceitos. Bem vedes: a loucura é, como o paradoxo, uma negação em acto da ordem e, por conseguinte, do universo. Prosseguir, cônscio dessa cardinal verdade, na louca senda d'insano caminho é, em dobro, demente projecto, magoando duas vezes o Pai, desprezando duas vezes a Lei, malbaratando, por duas vezes, o quantum & o quid de belo & de puro que a cada um, nos primeiros alvores do tempo primevo, foi destinado.
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21 janeiro 2007
(s/ título)
Tal infind'Universo, úbere de promessas, também, d'estrelas, pululando de pequenas criaturas, algumas, d'insana natureza, outras de teratológica figura; poucas de sã, e'scorreita presença; essas, as dilectas do Altíssimo, as únicas que balbuciam a palavra ou, em certos dias, que tecem o predestinado louvor. Debalde s'afadigam os sábios, contudo, para entender o puro signo e linguagem da miríade da Criação.
19:47 | 0 Comentários

20 janeiro 2007
(s/ título)
Andam os anjos à minha procura (e tal consta em todos os santos lugares), pobre e honesta pessoa que, por suave placidez, atitude arredia ao conflito, passa, em sóis ou em sombra, despercebida ao mais arguto; e, mesmo o luminoso mensageiro se vê em tormentosos trabalhos para lograr atingir, lobrigando na distância esta indistinta figura, o exacto paradeiro do vosso devotado criado. Assim sendo - quod erat demonstrandum - demanda de todas a mais insana, embora de férrea exigência para os portadores do selo, ou não fora a ordem de busca promanada de alta potestade, aquela preclara que manda e comanda as coisas do mundo e dos céus, perfeita em sua perfeição, fonte de toda a luz, dimanando constante, qual pura fonte de límpida extracção, o vero entendimento que agracia as sãs criaturas e pune, com o acerado aguilhão da culpa, os réprobos e os idólatras que, em era-má, tiveram o mui humano desdém de voltar as costas à palavra e ao signo e sinal da recta razão, que quando o tempo próprio, propício e final chegar, conduzirá os justos de entre os justos à doce franquia dos etéreos portões.
22:07 | 0 Comentários

19 janeiro 2007
(s/ título)
Em princípio, só podemos almejar a liberdade de não depender da submissão a outros que são, em bom rigor, estranhos mesmo que próximos nos pareçam - isto porque será sempre um outro imperscrutável aquele que nos impõe o seu jugo - se podermos contar com a bênção da abastança. E é mais provável e possível que sejamos pobres porque a liberadora riqueza depende da Fortuna e esta é caprichosa e, ademais, todos a querem para si e para os seus pelo que muito mais dificultoso é levar avante as acções para seu caprichoso contentamento do que padecer d'ominoso desprezo, já que - todos o sabem - benfazeja como ninguém, ela goza, impante no seu rebrilhar d'ouropeis, de um tão devotado séquito, capaz de vender ou empenhar a mãe ou o dilecto primogénito para cair, em boa-hora, nas doces graças.
16:01 | 0 Comentários

18 janeiro 2007
(s/ título)
de que me serve viver senão para ler? das coisas do mundo e dos homens nada - ou quasi nada - me interessa. são paixões e paixonetas que passam e mudam como o rio, torrente caudalosa ou fio d'água fino d'esguio, tudo se'scoa sem rasto na memória. mas as palavras, as palavras ficam, minha gente, e hão d'estar vivas, rebrilhantes de nóveis sentidos, quando tu e eu e todos formos pó ou inda menos.
23:05 | 0 Comentários

17 janeiro 2007
(s/ título)
Vai agora, do púlpito ao conclave, vem ora em estando n'augusta pessoa, nem o lobrigam já, pois nã é d'antanho os montes e terras que - e sempre d'altíssimo dignando-se a ser e podendo - seja a compreender os horizontes rasgados, em plúrimos espasmos e ainda, o que resta de tanto fumo que respirar é obra de malicioso desassossego. esperai o fim, é a volta que o traz, ou, querendo em fúria à espreita, noite sem dia marcado nem árvores ou outra verdura. podeis vós alvitrar que hei de dizer?

Tudo de tudo um pouco e de suave irrisão um tanto, que quanto mais s'anima s'aninha também em volutas do que seja ou queira o Senhor, em luz clara de tão branca & alva que o singelo esplendor nunca descreverá, por certo e sabido, o talvez que pinga, qu'escorre, mesmo estancando a matriz em podendo e, em evidente o querer, querendo, das forças de uma vontade, enfim, volátil como com ectoplásmica presença que se não ouve, cheira ou vê mas está e fica (em ficando) o tempo que lhe for dado ou, se rebelde, aprouver, em sua tão leda e por demais doce estada.
01:37 | 0 Comentários

14 janeiro 2007
(s/ título)
o mel não mata; mas fere, a doçura, quando a não podemos provar
17:14 | 0 Comentários

13 janeiro 2007
(s/ título)
salve-se o que se possa salvar, mas que fique ainda um resto, um resíduo, apara ou escória que sempre sobra do tanto que, em hora-má, soçobrou.
13:29 | 0 Comentários

12 janeiro 2007
(s/ título)
Eis o fenomenal fenómeno, criado não gerado -ou nem isso, pois d'espontânea progenitura surgiu sobre o mundo.
20:18 | 1 Comentários

11 janeiro 2007
D'urbe em demência
Ajudem-me os Santos Loquazes que a terra, tão vasta e vária, parece que é curta. Das mil cidades do orbe não conheço senão uma, urbe triste e escura, de névoa opalina e as gentes que nela labutam são cegas de tanto negrume, de toda a atrocidade da recurvada arquitectura. Sonho demencial de louco arquitecto que gerou teratológico perfil, um dédalo infindo de dura rocha cravada de homens que s'amontoam, enxameantes nos recovos profundos da pedra lavrada, onde as gárgulas, tremendas como elas só, são, ainda, as benfazejas creaturas.
22:58 | 0 Comentários

10 janeiro 2007
(s/ título)
Mandam as regras d'elementar fineza, dizer, o que seja como quem beija e oferece suave e doce prece ou s'evanesce. No mais, digo, itero e admito, que, para o bem ou para o mal, tudo, já há muito foi dito. E redito. Deste diagrama são feitos os homens, gentes ingentes quiçá d'abissais riquezas, presentes ou imanentes, outras, por demais dolentes, doentes, impenitentes. Dir-se-ia que nem são gentes, alimárias, sim, loucas, bovinas ou feras ferinas, buscando eviscerar suas vítimas. Pelo lado, que sempre outro haverá, perenemente, de profundo amor e candura, emoção de formal formosura, perfeita, sem fissura da pura e santa oferta, de um obrigado, um lampejo, d'empatia que muito aproxima quem, no momento último, de vertigem final, contempla o abismo. Resgate, quando se passou a fronteira, vindicando, de toda e qualquer maneira, o sangue e a fome, o fumo da morte que transpenetra o que existe, inexiste, e se tal não bastasse, o que poderá alguma vez ser carne em forma substante, frágil ao ponto d'expirar no instante. Para a trama urdida plo destino ser tecida, do frio novelo um fio de fino desvelo, comandam as frágeis leis da mais basilar ventura falar e amar, entre almas de bem.
15:27 | 0 Comentários

09 janeiro 2007
(s/ título)
Mas se pétala rosa formosa de formosura tanta, o dilecto não seja, não haja e não viva, não mais presente na existência real e palpável que um sonho sonhado d'onírica perfeição.
21:50 | 0 Comentários

08 janeiro 2007
(s/ título)
Suave e gentil mas tão prostrada, de canseiras e trabalhos e rodopios entre cá e lá, entre lá e cá, não admira o torpor da formosa, rosa de pétala murcha, murchita apenas no espaço de um fundo suspiro que o sangue fervente e fervoroso gorgoleja e impõe movimento, senão perpétuo, pelo menos, em bonançoso afã de juventude.
& assim será até chegar a idade.
22:53 | 0 Comentários

07 janeiro 2007
Os Trabalhos e os Dias

Mesmo o mais pequeno dos trabalhos é grã sofrimento, qu'esta dolência, funda e perene, não perdoa ao vivente a rebeldia de querer.

23:44 | 0 Comentários

02 janeiro 2007
(s/ título)

não tanto em vantagem nem, tão pouco, em retrocesso que, de todas as coisas, benévolas ou funestas, neste vasto e belo mundo dos homens e de Deus, o mais dificultoso será, de certeira e atinada certeza, percorrer a senda da recta razão com seu fino fio de prumo ou talvez, de invés, quem sabe se de mutável régua de chumbo, que metamorfoseia adaptativamente a forma, como o camaleão é espelho da cor.
23:30 | 0 Comentários

Da Preeminência Ordinal (500º post)
Três a Santa Unidade,
e dois o par primevo,
Quatro as Cardeais Virtudes
e cinco os caminhos do Sábio
Saltamos, já, para o dez,
Musicado nas esferas.
Mas só o belo desassete
Tem o timbre e sinal
Deste nosso Portugal.
00:23 | 0 Comentários

(s/ título)

em acusando o tanger da experiência daimónica nas hipersensíveis fibras do sensível sentir, manda a boa e recta razão dizer que não. não escrevo, transcrevo.

00:18 | 0 Comentários

Nome: João Pereira de Matos Cidade: Lisboa
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