(s/ título)
“Eu vejo mas meu corpo é cego. E, no entanto, transporta-me em seu recesso, autónomo-automático. Porém eu vivo da imagem e por isso em êxtase. Assim, seria duplo: o organismo em si cerrado e aquele que vê; não fora a maravilha de me saber nessa duplicidade, ao sair de mim; também sou tríplice, ou seja, múltiplo. Apenas mais um pouco e aqui se constata que com tal espelho em distorção – devido ao somático ângulo-morto - s'alcança um efeito caleidoscópico que mais ajunta tantas fantasmáticas figuras quantas viagens s'empreendem ao ritmo intrapsíquico desta alucinante tenção. É uma turba, um sobre-excesso d'imagens geradas pela dilatada percepção de um corpo que se não revê embora contenha uns olhos que de tanto olhar-em-volta se perdem na múltidão de mim mesmo. E com isso também me perco; não sou um, sou cem-mil. Por fim, pergunto: será essa a maldição da consciência presa à máquina dos orgãos?” Isto foi pensado antes do abismo e da loucura. |
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