(s/ título)
Queria a exactidão essencial da fórmula angélica. Que nenhuma palavra fique por dizer. Mesmo no texto curto. A verve final para cada pessoa; se convoque o íncubo e se traga para a luz, luz, luz e mais luz. E quando o derradeiro, em fim, chegar que seja pelo verbo que se vindique toda e qualquer mácula d'existir. O futuro é também história, ainda por acontecer mas contendo já os factos, os casos e a irrisão própria do esquecimento. É nessa toda-potência onde há que beber, régio comando de um destino ubíquo. Pelo contrário, o passado é mais do que morte, o passado é estagnação. Não podemos, com tudo, desembaraçar-mo-nos completamente dele, porque cada expressão porta consigo rios de pó, um tanto de citação, um outro de olvido. Mas é com os olhos no horizonte ainda encoberto que se desbrava a selva do presente, a dolorosa indiferença dos coevos; e quanto mais essa dói quando se observa, no limite da incredulidade, o afã de ninharias deste mundo, o deletério e o deleite que o vulgo parece gozar com os altos píncaros de mediocridade a que se alcandoram os escribas da moda. Príncipes da fútil banalidade, quando todos sabem que a escrita é dilaceramento e morte em vida, terror venal e uma imensa angústia de arcar com o peso inefável de todos esses fantasmas. |
0 Commentários:
Enviar um comentário
<< Voltar