Noctis Sacra
Notícia d'antiga feitura de que a luz é d'auspiciosa tenção; seja, pelo contrário, penumbra de funesto viver. Quanto sustentáculo há para essa boa-tese que nos permita discordar? O obscuro encerra absconsas virtudes: é pela solidão da noite que me encontro em mim mesmo, no silêncio sacro dess'afanosa burguesia, quando desperta aquela boémia que faz girar o mundo. É, na jornada, o templo do mistério, da pulsão tod'acesa, qu'incandesce de meia-noite. É certo que há feras e lobos, que estão à espreita. E, então, sair é comungar desse banquete mesmo que por agnus dei. Ainda assim se reafirma: a luz é tanto transparência que nada fica para a fraca fortaleza d'humana mesura. Que a treva é mais de gente, daquela que padece por existir e que isso é mais próprio da extrema singularidade que a cada um foi dado viver. É certo que, por isso, s'abdica da plenitude solar mas há-de vir o semideus que vela insone e que, portando, será uno no mesmo dia. |
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