04 dezembro 2007
Em Gota
Podia dizer infinitas palavras inscritas infindamente neste desfiar constante d'escrita; mas sobre quê? o de sempre e costume, hoje restamos um pouco melhor ou nem por isso, pensando a espaço, talvez - arrisco?- pior ou, quiçá, assim-assim ou assim-assado que o tempo a tal ajuda, em fim e a final não diferindo, em substância, de ontem e oxalá menos mal do que amanhã; radiosa manhã em ditoso acordar de vário afazer prazentoso, se a isso aprouver ao bom deus; se a pena pesar, contudo, que haja força para suportar o transe, cerrar os dentes como convém à borrasca que, das alturas, desafia o vivente - melhor diria, padecente - a medir ciência e vigor com a desmesura que é a potência do que o transcende, imagem especular de coisa nenhuma, o vivente dizia, pois não há mal que se não possa agravar nem agravo que com afanoso jeito se não amenize e, ademais, nem das fúrias incontestas das deidades terá de s'acautelar o bom cidadão mas também e sobre tudo dos maiorais que aconselham o fino uso do tacto e da vetusta, mas provada e comprovada, diplomacia, de tirar o chapéu em vénia devida ou podem azedar os ares e eles, os ares dos senhores que governam o mundo são supremos porque palavra de rei voltar atrás já não pode e que pudesse nem o rei a isso acederia; era o que faltava, um rei ou duque ou príncipe de coroa e arminho encontrar tempo e, vá lá, sensível alma para pedir desculpa, que isso não volta a acontecer, não se preocupe que tudo se resolve na graça de deus e por quem lá tem; era bonito de se ver, oh se era, porém, de todo em todo, impossível e original embora não falte honesto pensador, laborioso entendido moralista, que seja de condenar tal inversão na ordem natural das coisas, com os perigos e dissabores a que se exporia o rei - e, com ele, toda a sociedade - em acontecendo inaudito, supra descrito, episódio, digno de figurar em quanto livro de teratologia se houver d'encontrar e parece que são muitos, tanto que há quem dê por falta de outros, d'escorreita linguagem e assunto, como estas gestas palavras que aqui ledes, que falam e dizem de coisas comuns, é certo que chamando à colação as primevas energias que comandam o orbe e atrás delas aqueles que desmandam o urbe e, em tal esteira, o que fica escrito na voragem do tempo e assim sendo quem comenta e propaga a palavra que é outra e mais propícia forma de sandice e por isso, em contraste, estas humílimas linhas que de tanto correrem, livres e soltas, leixam a angustiosa questão de apurar o que delas fica de fora, não seja o facto de serem gotas d'orvalho que s'evaporam aos primeiros alvores do dia.
03:15

1 Commentários:

Blogger redjan Disse...

F............-se ! Brilhante estrada e caminho do mais ocupado prazer, para não dizer tesão, de leitura ! É ir e escorregar, agarrar-se às palavras que arrastam ideias que puxam ao deleite de descobrir o caminho. Do lido e do por ler !!

PS: Sou o primeiro a comentar ? Mas ninguém lê e se ajoelha um pouco ? Em descanso e respeito por a , não pela a, caneta que tal escreveu? Com ajuda de mão, concedo !!

5:43 da tarde 

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