7 Anos d'Escrevinhices
1. Para que serve um blogue minimal de leitores? Para mais quando nessa míngua resiste durante sete anos? É claro: assim é caderno íntimo, repositório de memória escrita, lugar d'experimentação, por vezes de primeiro esboço daquilo que virá a ser livro. A arte é sempre no seu começo luta, em tal resistência, na espera de o público acontecer.
2. Não se julgue que as nóveis plataformas desta era facilitam o trabalho. Se antes o escolho estava no acesso aos meios de difusão impressa, hoje está em divulgar qual notícia da obra no contexto, sempre feroz, da economia d'atenção. Com suas regras próprias, com seus proteccionismos e facilitações. Esses que condicionam a fortuna crítica do labor.
3. Resistir, então, é perseverar no tempo, na angústia do tempo, suportar a impaciência, combater o desânimo; e adestrar a mão pois só a prática das letras permitirá quiçá, em bonançoso dia, dizer que se alcançou a mestria no manejo do verbo (se tal cousa existe; mas reconheça-se o poderosos influxo que certos autores lançam sobre o porvir; eles serão, certamente, os Mestres).
Por isso, se ficar registo desse percurso poder-se-á medir evoluções, comparar escolhas, enfim até recuperar material para projectos diversos.
4. Não s'enjeita também a função de cartão-de-visita: como disse, aqui tendes esquiços que talvez permitam avaliar o quilate do que se vai fazendo...
5. É claro que com a passagem das horas alguma inércia se vai gerando: agora que são chegados os sete anos pensa-se, já, na década. Avolumam-se as entradas. Haverá, seguramente, elementos interessantes a ponderar (não se pretende que tudo seja de primeira-água, é natural, mas, havendo interesse, há comodidade para o leitor; tem os arquivos; pode seguir o ritmo de publicação; as mutações; evolução? retrocesso? no repositório ordenado d'infinito caderno pode haver leitura-ao-sabor-da-pena).
6. Quanto tempo mais?
Não vos sei dizer. O Escrevinhices é algo que me acompanha; é esforço constante, familiar e grato, como hábito que é quase não dá trabalho... e assim persiste contra minha própria incúria, um projecto manante que pouco acrescentará talvez à recepção de minha escrita mas que soube em mim ganhar tal acarinhado esmero de aí verter, com estocástico critério, alguns textos.
Reafirmo: é caderno pessoalíssimo ainda que aberto a todos se a tanto se dispuserem a fruir a leitura e, cousa rara, a comentar o aí escrito; e tem prosa e tem poemas e tem o proto-ensaísmo d'algumas não estruturadas reflexões.
7. Talvez, no porvir, seja objecto d'estudo; talvez s'ajunte ao meu Corpus Canonicum; talvez desapareça sem talvez deixar rasto...
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1 Commentários:
Não se lamente, eu te leio. Tenho um blog muito mal freqüentado, e sei o que sofres...
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