(Do Manual d'Escrita #3)
Não custa tanto escrever quanto ser lido. E são as condições de difusão de um autor que lhe dão uma perspectiva aberta ou claustrofóbica do meio literário de que faz parte ou relativamente ao qual é distante.
Até aqui subsistiu a ideia, romântica, de que havendo boa ou má literatura, a primeira seria, por si, de si própria difusiva e a segunda não poderia, por sua natureza, prosperar.
Hoje, esse ideal parece sucumbir à força da escrita-produto: importa só que seja vendável. E o que torna uma escrita mais vendável do que outra? A fórmula.
E a fórmula é simples: abdicar de qualquer exploração estética radical em prol da reprodução, com estudada variação, dos lugares-comuns literários do momento. Há que tão-só evitar o escolho no caminho do leitor médio, aquele que, bem intencionado, desiste às primeiras dificuldades. Depois a máquina publicitária, em conjunto com a crítica (também ela instrumentalizada), farão o resto.
A escrita tem de cumprir a receita de jamais alienar o leitor-médio: aquele que lê mas que exige ser entretido por aquilo que lê; ou seja, tem de ser inclusiva tal qualmente qualquer outro produto da cultura para poder ser massificada mas com algumas especificidades próprias como a importância da crítica que empresta algum verniz ao texto-de-plástico. Por isso tais fórmulas. |
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