(s/ título)
Salvé, meu bom conselheiro, dizei então de vossa virtude. Dizeis que a beleza oprime, comprime a alma com o peso do inefável, que é muito e de uma assentada só faz mover, sem que nós tenhamos nada com isso, o zingarelho profundo que nos orienta, circunspecular ou outro. Como os olhos do mundo em constante paralaxe persecutória e ainda se não reza a missa a metade. A metamorfose que é o tempo sempre demasiado breve e cheio do retardo que é o arrependimento: quem dera soubesse antes, agora é tarde. E se a sombra que te acompanha não é a tua mas provém de outra mais intrínseca realidade, é certo que não compreensível, porventura funesta e distorcida, de modo a que se não reconheçam as formas que perseguem nos esconsos das vielas essa que é do hábito. Pois bem, toda a imagem é divina porque toda a alegria é passageira e, assim, há que transfixar o momento na perene contemplação. Isso é mor de deuses e esses estão em tudo, no mais breve sonido, na víscera das coisas, aquelas que são e, do mesmo modo, na fantástica imaginária da cornucópia produtiva, quando gera aquilo que, de puro e perfeito, se abstém da consabida corrupção. Por isso mesmo esta e outras teratologias – quando assim o são - se albergam num tudo-perfeito mais amplo que o catálogo do sensível pode, ao primeiro esforço, compor. Sendo as coisas de que ainda não há qualquer memória talvez até mais reais que as outras porquanto se encontram ainda envoltas dessa pujante força do que é ora nato, num esforço para anular o informe momento prévio à sua concepção. E, ainda que se morra mil vezes, um único esgar do que é novo - e experimenta o mundo – poderá remir tantas eras de pó que, neste infinito palimpsesto em que vivemos, têm a senha de sufocar quanto vivente. |
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