Pérgola
a mágica alegria é flutuar sem espaço, no dentro das coisas sem essas presentes: tudo se constrói, apaga e reconstrói; mil mundos absurdos; uma saudade sã ou toda funesta, a melancolia e primavera. não que não haja mote e viagem, por terras de gente próxima, em paragens sem nome, no longe e calor. contudo, mesmo aí, apenas se reafirma a insaciável ipseidade. não, uma pérgola é quanto basta, no dia de sol a sombra é solicitude; quando o riacho corre ausente de si. mais e mais ainda. nem pérgula nem água, apenas silêncio e em verdade. quantas vezes e maleitas foram a cifra da curiosidade, quanto valor d'imobilismo se perdeu para sempre? os impérios desfeitos, o arrás desfiado, a honra e o mor de vida maculados. que importa tua ópera de dislates? só a ausência importa. só o sossego e a paz d'escolástico contentamento, quero crer. é claro que o sustento da vida impõe seu ditame, que o ósculo da morte é esquecido no afã buliçoso. e, é por isso, que mais sábios que estrelas há no eterno, vieram apregoar a grande virtude, a rendenção do fragor, e a outros tantos algozes foi permitido acerar o gume, adestrar a arte. a vida, a vida, a vida. mas tão cansados da vida. só a mão, desertora, s'afadiga. por isso, e apenas por isso, há escrita. o mundo em perpétua construção. |
0 Commentários:
Enviar um comentário
<< Voltar