Do Poema Final
Quisera um largo poema
12:30
Como uma fuga de Bach De gongórico rendilhado D'infinda mesura contida. Na palavra um sôpro No sôpro um alor Nessa, mil-manhãs D'Estio ou ditosa Primavera. Mas a noite, d'anis Profundos e quantas auroras Houve na breve história Do mundo. E todos os pássaros, E toda a zoológica Variedade da Creação. Quisera usar linguagem chã Universal, total, radical Em sua peculiar & singela Declinação. E quanto de tempo? E qual a errância? E o muito que velar insone Batalhar inaudito, mil vezes tentado, Por segundo, por tanto poeta do orbe? Quando numa única extática fulguração O confuso do sentir e do sentir o penar Se faz claro e límpido e transparente Na sua mundana imanência Embora, então, não sejamos Já nós Conquanto albialada figura Que fala por nós Que diz aquilo que nos é Interdito dizer Que realiza o gesto Que é a cifra final Que marca a hora do novo começo De um tempo sem tempo Da obsolescência do ódio Da morte da guerra Da abolição da vária pestilência E de tudo o que magoa E de tudo o que mal-trata E de tudo que é carência. Quisera, a fim, alcançar o voo E nunca, nunca, nunca Mais Olhar Em vão. |
0 Commentários:
Enviar um comentário
<< Voltar