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D'ignoradas certezas
Sou feito. Ness'esquadro mental Sem fio e Sem prumo. ![]() ![]()
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Só d'espera
E a demora Pelo dia, Aquela hora. Dir-se-á, então: Valeu a pena. ![]() ![]()
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Naifas Creolina, de feitio explosivo, eviscerou, em dia de má-memória, Zé Pato. É d'onomástico destino este perecer às mãos daquele por via d'acerada lâmina. ![]() ![]()
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A distopia dos aflitos
É a imagem mesma do Mundo ![]() ![]()
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Libertai-vos do ominoso
Pavor da palavra Libertai, a exausta Humanidade, da Vertigem do discurso. Mas, nunca por nunca, Libertai o pavor da palavra. É certo e sabido: Dai fim a quem, Por alma Daninha, ouse Poetar. ![]() ![]()
Do mundano tormento
Não o excelso
Gado do Sol Nem as plumas De um deus Mas esse visco Policiário Que se m'entranhou Por debaixo da pele. ![]() ![]()
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Ainda não é connosco
O póshumano porvir Onde o tecnomago nos concederá A benfazeja, mas não vã, Outridade. ![]() ![]()
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(...)
o rigor é o mistério porque ambos d'absoluto têm tudo em perfeita síncrona coincidência. Um imperscrutável, outro estrito mas nem estreito, são polícromos em sua interdependência. Aquele é, de vero, a cifra deste mas sem esse est'último aquele se não s'explica. Quisera o bem, para de bom em bom, belamente d'infinda pulcritude, chegar a melhor. E, tudo isto, é a mais funda obsidiante obsessão. ![]() ![]()
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Com a idade
Acelera-se o tempo E reduz-se-nos o espaço. ![]() ![]()
Das Libações
do muito colhei
um pouco; esse o segredo da serena proporção ![]() ![]()
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A perda é
de sua própria, exacta figura irrenunciável (a não ser, claro, que impugnemos o tecido mesmo do real; aí onde já nada subsiste, não há pater, patria, patrimonium. Não obstante, se lobriga ainda a hipótese: é possivel, de todo modo, perdermo-nos no vazio de quanta ipseidade). ![]() ![]()
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não quisera ser poeta
da morte lenta (mas, a morte lenta é tudo; a tecitura, mesma, da vida) ![]() ![]()
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Perco,
constantemente, tempo. E o tempo, por torpe vingança, perde-me. ![]() ![]()
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Remoendo,
Por mim Próprio Sou Moído. ![]() ![]()
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O tédio e solidão (de me saber). Meus antigos, Secretos, Companheiros. Ao menos, As pessoas Rudes Matam sonhos à paulada. ![]() ![]()
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Cantai essa outra Lisboa
A terra d'oxalá De prédio alto-cinza De gente, também. ![]() ![]()
(s/ título)
Falar e dizer por fórmulas é antídoto da vertigem formal
qu'envenena o sentimento. ![]() ![]()
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mesmo a mais polida-nacarada
superfície d'arte s'apouca e envergonha ante o infinit'esplendor das possibilidades-co-possíveis do que entenderes por real realidade. ![]() ![]()
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Quando s'entorna a sopa
A angústia é prato-do-dia. ![]() ![]()
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O final objectivo
De vasto desiderato Só alcançar Se pode No ténue mas frágil patamar Do superintelectivo [ou, hiper-intelectivo] (que é a forma própria do êxtase artístico, mesmo quanto muito seja artifício). ![]() ![]()
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Qual a mundi-vidente
vivência? Qual a mund'evidente vidência? Qual a mundi-demente evidência? ![]() ![]()
Cancioneiro D'Érebo §4 (Negatio)
Estes os últimos dias. Da hora primeva, de primordial e manante virtude. Não resta nada nem nexo, ainda, subsiste. Mas, como é assim se todo o efeito é efeito de uma causa e se toda a causa é causa de outra causa, em infinda concatenação de efeitos e causas e de causas e efeitos, a ponto de nada parecer subtraído ou subtraível a quanta série? Pois bem e aqui o digo e afirmo, embora vós, melhor do que eu, o soubessem: é por já nada haver que seja por concluir que finalmente – e, por Zeus, depois de tantos trabalhos – chegámos, a final e finalmente, ao fim. Ora, por um irreprimível, férreo, sentido de simetria, acrescentamos ao supraexposto dizendo, tão-só, em desenvolvimento da tese implícita que se o princípio foi princípio, por ser causa não antecipadamente precedida por outra causa, então, também, o inevitável fim será efeito, não postecipadamente sucedido por outro ainda. Porém, aqui, um grande óbice. Se algo fosse em reserva do tempo primeiro, o derradeiro efeito seria, a fortiori, também nóvel causa e, por conseguinte, jamais final. Por essa angustiosa razão, compreendei o fundo imbróglio: por uma banda, tal momento terminal s'afigura não-possível, por outro desavindo caminho, já nada há a acrescentar ao ominoso rol d'agravamentos imputável a este desatinado cosmo e, em particular, na parte que nos toca e, consternadamente, concerne, aos afanosos desenganos da cansada humanidade. Pelo que serei forçado – e vós comigo – a concluir e aceitar a absoluta singularidade desse fim-final, a saber, o momento derradeiro ao populoso universo a ele, em rigor, não pertence. Não obstante, nos não quedamos por aqui pois, se assim é – e como negá-lo? - constatareis que o último instante de tudo, por não pertencer à banal série causal, tem, na verdade, um penúltimo que, dessa peculiar concatenação, é veramente o último. Mas, tal apenas significa a novação de um derradeiro momento e, por necessária iteração de todo presente raciocínio tal será, por igual reiterado, às arrecuas, até chegarmos, primo, ao nascimento originário de tudo quanto existe e, secundo, sem grande mora, ao nada. Como tanto é ferido d'impossível, se tanto aqui escrevo o que vós ledes, seremos, mais do que forçados a concluir haver, a penas, um sonho por ninguém sonhado e, na vertigem de o sabermos, nem aqui estar este que vos diz nem aí estardes vós que ora, decerto perplexos e contrafeitos, começais a sumir-se em fumos. Em fumos. ![]() ![]()
Cancioneiro D'Érebo §3
Das faculdades superiores dest'alimária (aquela que vós bem sabeis, bípede sem penas) melhor se diria – em desencantado coro e corifeu com o famigerado barbeiro de Russell – que não há bela sem Zenão. ![]() ![]()
Cancioneiro D'Érebo §2
O que é, então, o Inferno senão as plúrimas formas d'incompreensão? Assim, primo, a unidade em teratológico conjunto delas; secundo, as suas – desavindas – relações recíprocas; e, tertio, um mais fundo & profundo adensar de pavor quando, pelo desventuroso contrário, nem qual íntima convivência com o eu de nós outros parece possível. ![]() ![]()
Cancioneiro D'Érebo §1
Imaginai mundo sem fundo. E, por tanto, de ténebra umbrado. Não que o dilecto leitor s'apavore antes de tempo e, assí mesmo, só se fora obra do demo (opus postumum pois – não sabiam?- o daninho feneceu e finou em meio de tanto negrume) que d'humana creatura. Esta que só quere e pretende, humanamente, diversão em jogo. Ofertando, de vero, com franca tenção, a quem seja d'apreciar - & queiram as lídimas potestades – íntimo, benfazejo brinquedo. ![]() ![]()
Cancioneiro D'Érebo (projecto)
Cancioneiro d'Érebo é uma proposta de livro que versa sobre todo o desavindo. ![]() ![]()
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(...)
estar perdido em constant'instante errância é o mundo; vast'aflição, o dia, vast'aflição, a noite, o tempo mesmo de permeio. ![]() ![]()
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Quanta vida tem
O Universo inteiro A um Sol De Primavera? ![]() ![]()
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(...)
toda negritude tem seu quê de fascínio. Isto é, uma luz própria de tempestade e vastidão. ![]() ![]()
(s/ título)
o tempo também
transpira transudando d'emoção. ![]() ![]() |