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Qual a verdade da fronte pura? Onde o caminho da luz? Dizei, aquela estrela, na tenebra mais funda de um sono só? O lhano circo da calma onde tudo seja afago em aconchego. ![]() ![]()
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O que queres, afinal - perguntou-me, sem rebuço, o Terrível Peixe-da-Vontade - trombetas e toques de policorim, ali vai o grande sábio, faça favor de discursar, para gáudio e contentamento geral, das gentes do urbe e, inté, do vasto orbe? Não, tanto não, respondi, após um pouco de réstia de tempo enquanto coçava a pinha e, bem assí, puxava pelo bestunto, apenas que digam: ali vai aquele que domou, em paz e ventura, seu piscicular algoz. ![]() ![]()
(s/ título)
procura a luz; sê na luz; aquela mesma que na clareira é una fulguração; (como a luzerna cujo máximo contraste é fundo de pura sombra e froresta) ![]() ![]()
(s/ título)
Dilectos irmãos da casta do livro - casa pobre mas orgulhosa - já vos deparastes, decerto, com os íntimos terrores da leitura. Essa absoluta solidão perante o texto que, amiúde, não revela mais do que a imagem d'impaciência que sois vós desavindos; a compreensão anunciadora que vos não toca na fronte perfeita leixando-vos aquém daquela ventura; o tédio, em desespero, que assí s'instala perene: tudo o que temos são palavras e estas ocultam-nos o seu mistério. ![]() ![]()
O Anjo e a Obra IV: resumo
a) letra a letra, una só frase & desta o que ainda vier; (assí se constrói o mundo). b) D'aescrita ao desespero; (desterro, por mor de) letra após letra a caminho do nada; c) policiando-me, ficar aquém é sina e senda da pura presentação de mim a mim mesmo; d) porém, a diferença entre a boa e a não boa prosa é, como sabeis, o tempo; (só a ele defiro a final jurisdição). ![]() ![]()
O Anjo e a Obra III.
Toda a ideia anunciada, quando se tem de converter em palavra, corre - poucos o ignoram - sério risco de desvanecer, ficando aquém da promessa da dimensão salvívica de puro verbo banhado de luz; pois a escrita é no tempo e o aceno mera ideia, confusa em si no ainda-não-verbalizado. É nessa fase que o intelectivo-intuir, a intuição-relâmpago que tudo abarca e acolhe, mergulha ao cerne sem fim da máquina-roda do mundo. ![]() ![]()
O Anjo e a Obra II: Por Vós Me Confesso
Bem vedes, a escrita é todo um mundo; alegria e alor de beatífica perfeição; aconchego e refúgio de alma em serenitude; a palavra é dom de estar em face daquele que vê e é puro e é bom, que doa e perdoa dispensando a luz; seus albialados mensageiros cantam essa essência de verbo e há geral regozijo que assim seja; o discurso, por tanto e pelo muito que é, transfigura: já não sou eu quem, aqui, escreve mas é o Espírito, eterno-pleno-impessoal, que, por mim, vos fala. ![]() ![]()
O Anjo e a Obra I.
tudo escrita; um mundo todo feito d'escrita e por ela criado; só aí é possível buscar a liberdade; e liberdade é, antes de mais, a perfeição do Anjo anunciador, da alusão pura d'inexpresa metáfora; é o intocado da preservação do que em si próprio repousa; em resguardo, estanque à crítica contemporânea - que o futuro é indiferente ao artista, abrangido, em afago, pelo manto da morte. Nesse retorno orbicular ao urbe dos sonhos em construção - sempre foi sabido - se encontrará a plenitude de ser o que sempre se foi para ser; encerrados mas lúcidos. ![]() ![]() |