Cartas Rasgadas II.
Não entendo, ou compreendo em pouca demasia, esse existir querendo, alor da vária miúda façanha, de seguir, querendo, de conseguir, querendo ainda, agora e para o que será d'inelutável advir; ![]() ![]()
À Pena
Deves, caríssima, embora pobre penacho, tão só, dedicar-te à prosa essencial, daquela verve terrena que desposa o mundo, inaugurando-o sempre e sempre;
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(s/ título)
Pois, nesse frenesí, s'esqueceu de tudo e era muito; mesmo aquele doirado, mesmo as tapeçarias e arrás, mesmo o palácio de gran manjedoura, infinda mesura ![]() ![]()
(aos costumes)
sem tudo o que é, exculpa e cansaço, a toda a brita,
e que fosse? não vos dizia ![]() ![]()
(Dizem)
Sem alor ou alarde s'apagam as estrelas no céu; por falta de verba.
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(s/ título)
em negra pantalha, o Rei fez publicar este anúncio: "alvíssaras a quem minh'alma encontrar" ![]() ![]()
Estudo
digo; é um soneto; em poucas palavras: "alva manhã e; ora em canto, diacronia; a alba resplandece"; deo gratias ![]() ![]()
(s/ título)
ainda um resto de nada, muito pouco & coisa miúda, ora aqui estavas ora no sopro, frugal Éolo, foste sumido ![]() ![]()
(s/ título)
sobre tudo a escrita; dizem, e com acerto, que não dá pão; sem obstar, m'escrevo;
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(s/ título)
a rosa em alor de máxima vermelhetude, nas superlativas pétalas de beatífica perfeição - essa mesma em que estais, agora, pensando - nunca, por alguém, algures foi vista ![]() ![]()
(s/ título)
Por ser: alegria e manhã.
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(s/ título)
Amádis, constante, feltro e espuma, doce alor de Primavera; essa falsa modéstia, razão e presença, do delicado ténebro toque, fantasia d'oxalá, que bem-me-quer, asinha a fulgente, d'ouro albialada em crepe e de véu. Qualquer, da ossatura, relembrança de ricto, funesto e pertinaz, dai tudo ao pó, adumbrando o canto, a voz maviosa permanece em toada, sim, mas quieta, imota como cipreste. ![]() ![]()
(s/ título)
desta imaterial natureza me contenho, pois, em cuidados, a roda sempre girando, que é do seu nunca bastar o quedar imota. Direis ademais, certa e justamente com razão, dos inefáveis indescritíveis redondeios da que, para sobre si própria girar, foi concebida, há que imemoriais recessos do tempo, por outro senão aquele que governa e sabe e atende por fonte de todo o bem. Pouco importa, por isso, que as frágeis gentes entendam ou desconheçam aquela ágil força da cósmica-kármica dança. Sequer interessa que, tu que lês e eu que lavro, nos entendamos nalguma paragem disto tudo, que vivamos ou pereçamos em estrondosa hecatombe, pouco larga ruga no desmesurado turbilhão do que não cessa, do que se renova constante mostrando as suas mil e setente faces simultâneas, aspergindo a morte e colhendo a vida. Mas quando, como às vezes acontece, se é por demais apenas de fugidia lembrança e, por conseguinte, já fora, expulsos e desavindos do orbicular dédalo, como não ser prudente, se os caminhos carecem de laboriosa construção - e sou o único habitante - antes de, por eles, experimentar o pé; se, inté, a habitual orientação é, ora, inepta para conduzir o errante ao antigo redil? ![]() ![]()
(s/ título)
tanta alegria e fartança
mais c’alor na contradança, que um homem s'esquece de si e do mundo, sublimada a força(perdida a esprança). Almejado prémio, odiada luz. Será pra sempre uma incógnita esse quê de tal folgança? ![]() ![]() |