Tempus Fugit
uma coisa, porém, se diga do tempo: ele passa; ora suave ora a penas, agora lépido e tão demorado, não importa o epíteto adjectival que lhe colemos aos pés: ele passa; o pó e o gelo, o mar e o céu, isso não lhe concerne: ele passa, quer o céu se transmute em água, esta em gelo e, por qualquer maravilha d’alquimia, tudo desemboque em purulento destino: o tempo, fleumático se assim lhe quisermos chamar, encolhe (demoradamente?) os ombros e faz o que lhe compete fazer: passa; não adianta pegar firmemente no ponteiro das horas, sabotar o dos minutos e extirpar o marcador dos secundários segundos a todo o cebola a que deitemos a mão, o tempo, esse tratante, sendo, como é, igual a si próprio, teimosamente, passa; mas, na hora da nossa morte olha para nós, detém-se um pouco e uma última esperança, como um raio de fulgurante luz, irrompe-nos, incontido, pelo espírito, Se ele se detivesse, aqui, ao pé de mim, jamais estertor eu sentiria nem o subsequente aventurar pelas ignotas terras que não permitem regresso ou mensageiro que diga aos vivos, Nós estamos bem e é tão belo, quando chegar a vossa hora rejubilai; todos o sabem, porém, qu'esse doudo pensar é loucura de morituro: ele, o tempo, passa e nós, então, passamos com ele. ![]() ![]() |
0 Commentários:
Enviar um comentário
<< Voltar