#1 Considerações: Cul-de-Sac
1.
12:20
As declinações dessa opressão vital que acomete o vivente. Ser é estar cerrado na existência. E se isso dói, há que encontrar uma catarse qualquer. E essa bem pode ser a escrita nas suas variações infinitas, na capacidade de declarar o que é subtil, mas também o que é complexo, condições fundamentais para a exploração intrapsíquica dessa tal angústia ou aperto essencial. 2. Poderia ser diferente? A vida usada levemente sem o peso esmagador da simples condição de ser? Em raros momentos ou em raras pessoas, talvez. Porém, no geral e comum, a angústia é o plano do real, eixo de densidade onde, parece, nos afundamos. E na fugacidade do desejo não há solo nem qualquer chão, tudo é fluido e se torna distante e nem se consegue agarrar o que é amado nem sequer a própria vida, desperdiçada em errâncias e nos labirintos que nós próprios engendramos. 3. Disto, liberta-se um fantasma de tristeza e melancolia que nos comeria vivos se não houvesse reacção ao fenómeno. E é difícil esse combate porque é insidioso o desânimo e, assim, há uma resistência natural às melhores intenções de liberdade e vida plena, ou tão-só de um melhoramento suave das suas condições anímicas. De resto, também as circunstâncias exteriores são obstáculo perene, dificuldades previstas ou imprevistas que nada acrescentam, mas existem com a resistência tenaz da realidade, embora sejam tão contextuais que, passado pouco tempo, se não entende já porque foram. |
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