(s/ título)
Comprei um todo-brilhante aquário, do mais cristalino cristal, e povoei-o de plenitude (tentara com gaiola e liberdade mas esta escapuliu-se pelo rendilhado desenho daquela).
(s/ título)
Hiperdiegese é a inextricável, alucinatória imbricação de tempos narrativos.
Manual de Desenho
A filologia da linha & a exegese do traço (sem esquecer, claro está, a hermenêutica da mancha).
Máximas Mirabólicas
Aquele que é, na realidade e de alguma forma, todos os homens é, concomitantemente e em bom rigor, ninguém. -- Em verdade, é na sã e funda raciocinante compreensão do mundo que s’encontra o princípio de felicidade. -- Assim, no momento instante da final completude tudo recairá em coisa nenhuma.
Fórmula Laboratória
O tempo vezes afanosa dedicação.
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(s/ título)
Aquilo que tomavas por adquirido e que por tanto tempo foi teu está agora (& para sempre) perdido. Os astros não cintilam. O mar não acolhe. A cidade não respira. O espaço não permite. Até o amanhã, de radiosa fulguração, foi ontem.
(s/ título)
Imaginai que o chão onde, temeroso-temerário, piso é líquido-pastoso. Divisai, agora, que mão danosa-mesquinha lhe dá em ideia m’ajaezar d’ominosos pesos de chumbo, por sobre os ombros. Tereis, então, pálida ideia de como, quotidianamente e por quantos sois e Invernos levo de vida, me fui sentindo.
Na Esteira Existencial (sinopse)
Querer algo significa querer também todas as determinações implicadas nisso. Faltando qualquer passo, o todo padece.
Sumituro
Esta neuritude, aquele sumidouro d’anímicas energias, essoutra caliça vã duma vida em carne viva.
(s/ título)
O tempo é cousa pra durar pouco. (embora, por vezes nos surpreenda: distende-se, boceja e s’espreguiça).
(s/ título)
A síntese essencial da verve pulsante é o consabido instante momento d’íntimas fulgurações.
(s/ título)
O desavisado azul, porém, jamais esquecera que é de névoa branc’opalina (outra forma de negrume) a matéria do olvido.
(s/ título)
Nem quando o cutelo lh’aflorou o gasganete, separando o crânio do resto, s’aquietou; pois se levava a firme tenção de propalar quanta sediciosa doutrina topasse no Além. De qualquer forma, o desengano porta consigo irónica amargura: os anjos e os diabos por tanto tempo desavindos logo chegaram à impostergável decisão de lhe não darem guarida. Pelo que ficou apenas aquela cabeça, nem viva nem morta, não podendo até contar com o corrompido pulmão para gritar uns impropérios. Restou-lhe apenas a dogmática, verberante verrina.
A Sentença de Sileno
Marcas, chagas e purgatório. Quanta dor e olvido, anelo d’inefável. Bem vedes, o infindo é pena maior. Se, mesmo após a morte, sobrevém a sobrevida.
Trintanário
Trinta textos
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(como seixos) Trint’amores (e desamores) Trinta cores (pra trint’actores) Trinta luas (naquelas ruas) Trinta fortunas (em quaisquer runas) Trinta palhaços (mais tantos pintores) E, já agora, trinta moedas? [pra quantos traidores?]
(s/ título)
Qual o resíduo do dia? Se o frémito causa bocejo e é perene o amargo-de-boca.
(s/ título)
Não andem os bifurcados cascos; as mui umbradas fontes da fome; por sobre a Terra.
(s/ título)
(mesmo perdido em sonho de pensamento) Sou eu que luto e que sofro. Mas, o Mundo, jamais se condói.
(s/ título)
A Verdade é vertigem velociferina (ou, com sentido muito outro, veluciferina): Era uma vez e não outra, um Rato-que-era-Todos-os-Ratos que, num dia igual a tantos, perguntou, no mais-que-perfeito Mundo das Ideias, ao Gato-que-era-Todos-os-Gatos, Porque será que tu, a pura imagem do Gato, te não cansas da infatigável caça com que afliges minha indeterminável existência?, Não vês que sendo nós arquétipos, o mesmo acto que logra alcançar frustra, em absoluto, teu intento, sem excluir, claro está, as infindas cambiantes combinações entre o sucesso e o fracasso?, Que jamais poderás saciar o apetite por minhas dulcíssimas carnes sem, porém, enjeitar a saturante plenitude do excessivo desfastio?, Porque - apesar de tudo, querido irmão, pois, como eu, és o lídimo representante de toda tua espécie - persistes em tão tenebrosa mania? E a resposta, ainda hoje, faz tremer, obrigando à consabida furtividade, o mais banal e corriqueiro ratinho que em nossa despensa s’acoite.
Da Saciada Santidade
Muito t’adoro, amado Irmão Queijo, pois sendo, em venturosa conjugação com fratelo Pão, para nós o mais dilecto, até te como, não guardando sequer, em virtude d’extrema dedicação, naco ou singela migalha que lancem sombra a tão funda e vera dedicação.
(s/ título)
Magrito Cabeça de Fósforo fumara demais.
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Ideal
Uma jornada tod’inteira d’irrestrita creação.
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(s/ título)
Labor. Puro labor-laborante, transbrilhante-total, de cristalino recorte (aceroso como fio de fulgente lâmina). Isso deverás lograr (ou, pelo menos, tentar com todas tuas forças).
(s/ título)
Imaginai alegria pura, plena, de plúrimas quase infinitas fulgurações. Não? Não o conseguireis e, assim o temo, jamais.
(s/ título)
Mil vezes ensaio as últimas palavras e outras tantas me despeço da vida, embora acredite que quando, a final, a desgrenhada daninha chegar será no mais insuspeito dia.
(s/ título)
Será o fim de toda finitude, paradoxalmente, a morte?
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(s/ título)
Às entrópicas potências, o abandono; em dilecta, directa, geométrica proporção do desespero.
Se (Em Libertação)
Se. Aquando da bem-venturosa franca-livrança desses torpe-entorpecedores tristeza, langor & sofrimento poderemos, enfim, multiplicar, quem sabe s’exponencialmente, a extensão dos dons e talentos (ou, tão-só e não é pouco, aferir de sua vera presença nesta frágil casca de nós).
(s/ título)
Bem-vindo e muito melhor chegado às funestas águas, masmorras & desespero.
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D’Agonismo II
A auto-estima é conditio sine qua non para se lançar os dados (num lance radical-vertiginoso [e, por animosa ventura, não envergonhando Dioniso]) no jogo da existência. Essa, a derradeira forma d’agonismo: a de si para consigo próprio.
Porquê: Arte & Loucura (mania)?
Porquê a inevitável, incontornável, férrea associação entre Arte e Loucura? Porque a Arte é uma coisa e uma coisa só: “um imoderado que contempla o abismo”. |