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Todo romantismo
Se paga c'o acervo Do nada. Que, sendo vasto Mundaréu de cousa nenhuma, Permanece impermeável a qualquer transumante transmutação. Ora dessa mesma matéria, d'irrisão e deletéria, também eu construí. ![]() ![]()
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Sou pleno,
De rasa medida Da cousa nenhuma. Daquela que todos sabeis Mas que é matéria d'olvido. A tal que cantam poetas até à loucura. Que dói na alma, que atormenta o dia, que dá alvura à negra noite. E se soubesse como a perder, perdia. Como m'ocultar, fugia. E porque o não sei M'escrevo. ![]() ![]()
O Poema do "Que"
Que haja
Extrema depuração Sob a asa tutelar De um anjo benfazejo. Que se desenlace O porvir Ao primeiro alvor Da manhã. Que se sirva O pão Que se prove O vinho Na exacta e justa medida Que convém aos homens. Que seja administrada, Prazentosa, A Panaceia. Que cante a ave canora. Que s'anile o céu. Que se monde o Mar. Que s'aqueça o fogo No Lar. ![]() ![]()
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Desejara
A depuração extrema Sob a asa tutelar De um benfazejo Anjo. Usar a palavra Como paleta de cor-infinita. Estrito, d'ortodoxa mania. Ser rigoroso À infinitesimal estrutura (de vertigem e, desafiadora, desmesura). Acolher, a fim, O inevitável Final-silêncio. ![]() ![]()
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Meus poemas
São de fácil Gostar. As ideias? Poucas. As palavras? Muitas. O sentir? Imenso. Mesmo que postiço, Dançando em artifício. ![]() ![]()
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De procrastinante
Tenção Quisera que nunca Chegasse a Hora. E, assim, subtraído Àquela que todos Temem Mas que sempre Vem & Chega, Apenas para nos levar. Só mais um dia, Um dia a mais s'iterando Em plácida sensatez. ![]() ![]()
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De tanta errância pla Verdade
chega-se à raia da mentira fímbria de Sol de luz umbrada. Não adianta a lucidez que se tem, Que se julga ter. Não basta o contentamento suave De uma manhã d'Estio. O íntimo artifício relembra-nos da primeva condenação: Restar, sabendo-o, A ser. ![]() ![]()
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Tenho a força
De mil sóis Mas tremo Ante a (mais ténue) Escuridão. Quem sou eu Senão um sonho? ![]() ![]()
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verdade,
alma e lucidez e muitos, muitos precários absolutos ![]() ![]()
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A Elegia dos Aflitos
É de gesta inane. Sonho inerte Onde a lucidez Própria desse Etéreo reino Transbrilha no refluxo De si mesma. E, mesmo que a tivesse, Velando, Assim que passasse a perdia Como se-me perdem As palavras. ![]() ![]()
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Flutuar,
Pairando sempre, Plo intraespaço de mim. ![]() ![]()
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A tão esperada franquia dos dourados portões (da solvente memória? do olvido?) acompanhado por um anjo conciliador.
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Lugar da vertigem é a carne tenra, morna dos corpos. Essoutros espelhos que dizem da alma, superfície polida. Ousa ousar e não temas a chama. Cousa diferente é elástico gato, grácil como ele só. Ainda outro dia a manhã foi imensa. Agora, que tudo é noite, nem s'entrevê mais do que o cone de luz onde passa uma sombra. ![]() ![]()
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Lograr a exacta
Heterogeneidade. Assumir a dissonância De vária tenção. Repetir, repetir, repetir. Percutir. Repercutir. ![]() ![]()
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Deu-se o caso,
Por acaso, Do percalço Desse caso. Era caso, por acaso, de tão funesto Fim? ![]() ![]()
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Tanto faço,
Sem do mesmo lugar sair, C'acontece O milagre de ser. ![]() ![]()
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A negra amplitude
Do quanto há A sofrer (e é muito). O tempo que passa A tempestade que fica. Réstia fatal Do dia final. Hoje. Ontem. Amanhã (pla mais tenra alba). ![]() ![]()
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Quisera cantar
Quanta vária cousa há No côncavo-convexo Do vast'Universo. ![]() ![]()
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A alma
O som A vária loucura Pois é demencial aquele que canta Pois é demencial aquele que canta. ![]() ![]()
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Melhor, melhor, melhor,
Ainda melhor. Mais alto é o voo Quando se renega O peso de ser. ![]() ![]()
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Hoje sonhei que era um pássaro.
Ontem, um peixe. Amanhã sonharei que sou um homem. ![]() ![]()
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O clássico cérebro.
A perfeição é um rio De águas turvas. Não sentes a vibração Na teia? ![]() ![]()
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Mesmo que, ao anjo,
Tivesse sido conferido O sonho Teria ele de saber O que o tempo é O que a morte é Enfim, O que, em todo o sentido, É estar perecendo. ![]() ![]()
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O máximo rigor no delírio.
Eis a magna tarefa. E, assim, Expurgar todo o impreciso. ![]() ![]() |