Microstórias #3
«My name is Lambert,
[ Adoro Lambert». ![]() ![]()
Microstórias #2
Ela tem tanta verve
[ que até ferve. ![]() ![]()
Microstórias #1
Era uma vez uma minhoca...
[ dorminhoca. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #12
Não há fome
[ que não dê em fritura. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #11
A vida é bela
[ é preciso é saber [ olhar p'ra ela. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #10
Suicídio é quando se mata um suíço.
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Ditos & Ditados #9
Uma gueixa
[ nunca se queixa. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #8
Todo o público é alvo.
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Ditos & Ditados #7
Quem não deve [ não treme. ![]() ![]()
(s/ título)
Mas, Dr. Rabinath, porque diz isso? A incompreensão das gentes é tão vulgar como são as gotas no oceano e, mesmo com esta gasta metáfora, creio não exagerar quando tal lhe digo! Não deve deixar-se desanimar pela estultícia alheia, tanto mais, tratando-se destes assuntos que, por tão delicados, exigem uma sensibilidade especial, como a sua, caro Doutor. Ou, não me diga que o excelente amigo estava à espera que a massa ignara que o consulta compreendesse as subtilezas da questão? Nem por sombras. Essas cavalgaduras não vêem sequer o que têm à frente do nariz quanto mais esperar serena cogitação, com a exigida minúcia. De resto, caríssimo, tal pouco importa: se continuar com o seu meritório trabalho, dentro em breve, já ninguém restará que o incomode. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #6
O prometido [ é de vidro. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #5
As mulheres querem-se como as castanhas: [ quentes e boas. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #4
Se vires um mercedes [ benz-te. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #3
Devagar se vai ao longe
[ demora é muito mais tempo. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #2
Quem não tem cão caça com gato. Quem não tem gato caça com rato. Quem não tem rato caça com hamster, [ que é quase a mesma coisa. ![]() ![]()
Ditos & Ditados #1
O feminismo é quando o grelo espiga. ![]() ![]()
Evangelização
Na Igreja Evangélica do Espírito Vespertino, em vez de hóstias, comunga-se com rodelas de Pepino. Conforme ensinou o Profeta S. Libertino, nossa é a Fé no Prazer, a felicidade o nosso vero Dever. Que tod'alegria é nosso Destino, da libação em epifania à orgia na sacristia. Libertai-vos das convenções e vivei. Vivei, pois, na mais pura fantasia, dançando & bebericando em gran festa, até ao rair do dia. ![]() ![]()
Uma Estrela Para Um Sofrível Natal
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Secas & Molhadas #15
«Vai-te catarse.»
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Secas & Molhadas #14
O que faz um grão-mestre?
[ Planeia o ataque ao bacalhau. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #13
Quem é a mulher do tesoiro?
[ É a tesoira. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #12
Qual é coisa qual é ela
[ que orbita mas não é planeta, [ salta quando está excitado [ e anda por todo o lado? R: é um electrão. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #11
Ó da guarda ...
[ «Não... são os de Viseu.» ![]() ![]()
Secas & Molhadas #10
O que diz um agricultor moralista?
[ «Vê lá sementes.» ![]() ![]()
Secas & Molhadas #9
Como é que um filósofo diz adeus? [ «Até logos.» E um músico? [ «Até Jazz.» ![]() ![]()
Secas & Molhadas #8
Dois químicos a namorar:
- Querido, prometes que me amas? - Brometo! ![]() ![]()
Secas & Molhadas #7
Fiat lux
[ et fiat vrum vrum. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #6
Qual o objectivo de toda a psicoterapia?
[ é descobrir a Fonte da Telha. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #5
Porque é que os verdadeiros niilistas divulgam as suas teorias? ![]() ![]()
Secas & Molhadas #4
O problema dos racistas
[ é que vêem tudo [ a preto e branco. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #3
Tecnicamente, o que é uma peça itenerante de Gil Vicente? [ é um auto móvel. ![]() ![]()
Secas & Molhadas #2
Pelo sim pelo não
[ quantos pêlos são? ![]() ![]()
Secas & Molhadas #1
Conheci um escuteiro que ficou milionário... [ pois só comprava boas acções. ![]() ![]()
Notícia em Bota-Fogo
Vejam isto, vejam só, o gordo no xilindró. Porque matou a vovó, veio logo o camborão pra o jogar no porão. Ah, gordo sem juízo, vai apodrecer na prisão pois, na justiça dos homens, seu crime não tem perdão e, aos olhos de Deus, é pecado sem remição. ![]() ![]()
Contrapunctus
Ah, fora eu carne e não esta etérea, ignóbil substância. Tangíveis sonhos, hápticas sensações, para sempre negadas. Invejo essas bestas que se dizem homens, mas que podem amar e sofrer e sentir o contacto, áspero ou macio. Um banho, oh ventura, mergulhar em líquido tépido e oloroso. De pura ideia sou feito. Nada há para além do meu entendimento nem lugar algum que não possa alcançar com a força da mais leve intenção: res cogitans, que não sente, que não pode sentir porque corpo não tem e que apenas sente, no mais profundo de si, que não é. ![]() ![]()
(s/ título)
Modificância, Vossa Moniscência está em constante modificância. Em incertos devires, se polimorfiza à vontade do primeiro freguês, e quando, então, em se tratando do fru-fru das senhoras elegantes, é coqueterie de transumâncias sempre inesperadas. Acertos nunca possíveis, nem, de outro modo, se vos esperaria tal. Enfim, profetizando-vos infinita e metamórfica continuação de vosso alteroso labor, sou em hora de me despedir pois é longa a caminhada que se me presta ainda fazer e, ademais, sem saber que perigos e perfídias se acoitam pelos caminhos, sou que prefiro aproveitar a luz que vosso irmão poderá derramar em minha esteira. ![]() ![]()
(s/ título)
Farsante: aqui descansam almas, e tu, gorgolejas em trinta e três distintos trinados volteando como refinado campeador das esferas de tuas, tão tuas, excentricidades, possíveis apenas a quem se sabe príncipe e futuro Senhor. S'importando não com teu derriçoso pai que s'aflige, com esta e com outras manias de tua índole peculiar, apesar de não sem a graça de corço vivaz. Mesmo tendo presente, estou em crer, na estouvada cabecita, o quão rigoroso sou para os da outra raça, servos pertinazes de insídias falaciosas, em espera perene dos mais graves infortúnios para a nossa Casa. Mas tal não te demove como te não demoveu de outras tantas tropelias, com uma coragem que não te sabia tua ou contando, tão somente, com a minha bonançosa tolerância para com o dilecto. Toma pois, sem mais delongas, minha engelhada mão, agasalha-te com meu arminho e compõe o teu semblante para juntos retornarmos ao convívio de quem ansiosamente nos espera. ![]() ![]()
Comentário
Oh, o ambiente surreal deste nosso Portugal, poucochinho, poucochinho, qu'inté cabe num dedal. ![]() ![]()
Arquitectura Melancólica
Alta torre, toda preta, qual o espaço que ocupas nesta terra de nenhures? Distopia do faminto, onde tigelas d'absinto fazem as vezes do pão. Estás abandonada, mas ainda reinas, na paisagem semi-deserta de toda a nossa desolação.
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(s/ título)
Era o fausto na memória. Foi-se a vida, onde glória? Raiva ou Sol, d'histórias d'antanho. Nostalgia sem remição... Há quanto tempo já, vivia, nessa louca fantasia? Oh, demente concreção, que c'o demo, todo o contrato é vão. ![]() ![]()
No Café Transcendental
No café transcendental servem-se ideias fresquinhas com queijo emmental. Os criados planam num céu natural, nem quente, nem frio, sem mesmo um desvio infinitesimal. As rimas em tosta, o verso que brota duma fonte, de som ideal. Aliás, é de bom tom pedir um café com um bom-bom, virtual. ![]() ![]()
Um problema nuclear
Sendo eu, do todo uma parte, convivo inconformado com meu destino. Eis que o tormento começou quando me autonomizei o suficiente, o exacto, o rigoroso suficiente, para me ver, a mim, como parte deste todo. Como a parte de um todo no espelho da minha consciência. Não adiantou o argumento, falaz, de que, se a mim me vejo, cônscio de mim próprio, já constituo um todo, porque detentor dessa parcela de autonomia que, precisamente, se revela em tal consciência. E que, ademais, não serei, como não sou, substância unitária pelo que, eu mesmo, contenho partes, partes de um todo que sou eu, mesmo sendo eu parte de um todo, maior que as partes que me formam, e como todo, afinal, mais íntegro do que seria se apenas fosse mera parte de um todo. Assim, embora seja parte de um todo, poderei ainda ser, como já se viu, numa determinada perspectiva, todo em relação às partes que me dão corpo e que, por serem partes de uma parte seriam sempre partes de um todo, quer esse todo seja eu, quer o todo seja o todo de que eu, como parte, participo. Parece complicado, mas tudo não passaria de uma questão de escala... Nem garantido está que as partes que me dão substância não sejam, elas próprias, capazes de lograr consciência de si, o que lhes daria, por sua vez, um carácter totalitário. Nem sequer, pensando um pouco melhor, que essas putativas partes de partes, envidassem pelo meu caminho problematizante e angustiado, prosseguindo assim até ao infinito, ou quanto muito, até à última subdivisão da matéria, átomo próprio e original que, enfim, se pudesse arrogar do estatuto de parte originária, o que seria outra forma de dizer, de um todo, pois que só então, seria, sem rebuço, uma unidade em si, indivisível e completa. E digo mais: ninguém me conseguiu asseverar de que o todo de que me sei parte não seja, ele também, parte de um todo maior e que eu, parte de um todo então intermédio, não conseguiria vislumbrar. Por essa razão, também neste caso, quem sabe qual todo poderia descansar na certeza de ser o maior todo de todos os todos, o corpo final e pan-englobante pois que nele estariam todos os todos e todas as respectivas partes. Assim, perdido nesta vertigem me sinto, não sabendo se sendo parte sou igualmente um todo, se as partes que me compõem se sentem partes de um todo que sou eu e que, por sua vez, são compostas de partes conscientes de si e, por conseguinte, também um todo e, finalmente, se o todo de que me sei parte é parte de um todo ainda maior, sentindo-nos todos infelizes e confusos, excepto a mais pequena parte das partes e o maior todo de todos os todos. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #10
O ar não está para...
[pêxe. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #9
Onde brincam os elefantes-bebé?
[ no elefantário. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #8
Onde dormem os cavalos?
[ no hipo-tálamo. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #7
Como é que as morsas conversam?
[ através do código morsa. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #6
Se os porcos voassem, onde é que aterravam?
[ no aeroporco. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #5
Quem é a mulher do alarve?
[ é a larva. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #4
Era um urso perturbado que ia ao psiquiatra. [ porquê? [ porque era um urso bipolar. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #3
O que acontece a um dromedário quando é promovido a camelo? [ ganha uma bossa-nova. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #2
O que faz uma girafa com uma antena parabólica na cabeça?
[ sintoniza a RTP África. ![]() ![]()
Anedotas Zoológicas #1
O que faz um tigre de bengala? [ tira o chapéu. ![]() ![]()
Frontispício
OPÚSCULO DOS VERSÍCULOS INSÂNICOS, BALSÂMICOS, VERBORREIO-CRÍTICOS E, DE OUTROS MOLDES, ANARCO-PSICANALÍTICOS SOBRE AS FIGURAS MAIS REPRESENTATIVAS DA PÁTRIA LUSITANA. Escrito, desenhado, agrafado & composto por João Pereira de Matos (fora das horas de expediente) No anno de MMV aos dias 15 de Fevereiro (visado pela auto-censura do autor) ![]() ![]()
2 ditados prá dieta
Quem come d'avançado Come sempre o melhor bocado. Em dias de confusão Come o que tens à mão. ![]() ![]()
(s/ título)
Don'Ondina, mui ladina, foi a banhos à piscina. D'água lisa como um espelho, banhou-se inté ao artelho. Que feliz Don'Ondina na frescura sensual. De novo uma petiz, apesar da idade outonal. Que o banho revigora é verade universal e Don'Ondina nadou ligeira naquela banheira descomunal. Saiu nova e lustrosa, da idade nem sinal. Pois, se lhe voltou, com tal milagre, toda a saúde, não eram outras aquelas águas que as da fonte da juventude. ![]() ![]()
3 notas
Todos quantos souberem, façam o favor de responder: Qual o sintagma da felicidade? -----Observação: É difícil escrever com vírgulas flutuantes. -----Sofro o tormento do fragmento. ![]() ![]()
(s/ título)
Suaves suspiros devota, cantigas e rezas e alecrim. Incenso, botinas e saias de roda, o olor do jasmim. Da cruz da Igreja no adro, temor reverente, amor ardente. Pelo divino ou pelo terreno, um corpo esbelto deitado no feno? ![]() ![]()
Fúrias Frutas
Tanta zanga tanta ganga. O azedume e a solidão, são a vida do limão. Fúria farta, fúria vã. Mas, a serenidade, é a alegria da maçã. São mil sóis, foram mil luas, as bananas descascadas ficam como nuas. E porquê tamanha guerra, tã feroz luta, sabendo que era a paz o destino do pepino? ![]() ![]()
Escrevendo, cogitando
Onda, mar, olhó Sol, reco-reco, rocambole. Saltem vísceras... para fora, evisceremos tudo, agora. Sem avisos, cem tarecos, davam chutes nos bonecos. Laborioso, laboriando, raios, coriscos, caroços, petiscos. Namorados em namoriscos. & Volta a vida sem demora, mas já todos se foram embora. ![]() ![]()
(s/ título)
Quem, na vida, tem a força de viver em pujante verdade? Quem tem medo, quem me diz, d'existir o mais feliz? Quem m'ajuda sempre a ver, sem mentira e sem maldade, o caminho prá felicidade? ![]() ![]()
Fala Fu Manchu
Suave o licor que gorgoleja nos cálices. Ó, doce ambrósia, néctar sumarento de tais decantações. Afortunado é quem o prova, revigoram-se-lhe as forças, atiça-se de novo o ânimo, ruborescente de juventude. E assim será por séculos, que de meu poder o Alambique Sagrado jamais sairá. ![]() ![]()
(s/ título)
Canto o vário e canto o uno. Percorro a linha da sombra, deslumbrando-me com a plenitude solar. Pela sua negritude, sorvo com prazer o acre sabor da fuligem, mas não enjeito o ar cristalino da montanha, apesar de demasiado rarefeito para este pulmão cansado. ![]() ![]()
(s/ título)
Que menina tão bem educada.
Armei-lhe uma cilada. E temperei-a com noz-moscada. ![]() ![]()
(s/ título)
Não se zangue minha mãe, mas o seu filho caiu na desgraça dos homens. Não mais provém ao seu sustento. Nem dos seus. Não se zangue minha mãe, mas o seu filho está cansado. Muito lutou e tudo perdeu e agora está cansado. Não se zangue minha mãe, mas o seu filho está exangue, diluído na voragem do mundo já não sabe quem é. ![]() ![]() |