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A angústia
É o tenaz Combustível É certo-sabido Mas seu olor Macerado Impregna o texto E dá-lhe mofos Já tão lidos... ![]() ![]()
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Cada vez que se repete
Aquilo único que há a dizer Se depura um pouco. Se tempo houver Chegarei, em hora de boa ventura, Ao silêncio obsolescido Da palavra Até ao cavernoso ricto Da caveira sábia Qu'escarnece muda-calada mas tão elequente dos viventes. ![]() ![]()
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Eu falo do muitas vezes dito
Do que mil vezes s'iterou Com aquela voz cava, Calada De quem diz o muitas vezes dito Do que mil vezes s'iterou Um ethos complexo Eu, que pouco soube E muito esqueci Eu, que acolho o olvido Que me repito, Que vivo e convivo com O ridículo, com o pequeno Mundo Das poucas verdades Ou nem isso Nem sequer uma verdade Cheia Mas muitos nadas-verdade meias-verdades verdes-verdade Ainda não maturadas E já perdidas Eu que me repito Que não sou ninguém Que nego o que ontem disse Que nego, já, o que amanhã Direi Eu que perdi antecipadamente todo o tempo Eu que calei antecipadamente a fúria do tempo Eu que antecipadamente renunciei À vida À alegria Ao mundo Digo & redigo: Eu morri e nem O sei. ![]() ![]() |