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toda a união
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é cósmica; o laço é sem remissão; alcançar e tocar é a única tarefa; que isso ocupe os dias; que o velar o seja também.
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Às vezes,
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se me sinto saco-sem-fundo e remexo aí par'extrair a mãcheia de nada digo para os outros de mim - que, como sobejamente sabeis, todo o homem porta consigo: vem, quando o canto ínfimo mas, por isso, infinito te cansar o pulmão ao sossego acolhedor de meu lar à soleira doce e umbrada onde só há sossego e o ar mesmo é mais puro.
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farei
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do imperscrutável uma ciência
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Ah, tomar posse
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Do defunto Esplendor De minha miséria
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[Estes poemas
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São como Desenhos-em-guardanapos: rápidos rabiscos d'emoção.]
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Já sem susto
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a reflexão é, como por aí se vai dizendo, olharmo-nos adentro. Mas, quantas vezes, nessa vertigem não encontramos polida opalina superfície conquanto caleidoscópio e jogo e, então, tanto nos perdemos. Eu e muitos antes de mim.
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queria
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celebratória querença um mar um tempo vasto & sem fronteira. A vida é breve a morte é extensa e pouco dura a Primavera.
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pudera a vida ser
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constante instante perene celebração. Mesmo na renúncia, na luta chã d'água fresca, a sã saúde, todas as simples & belas cousas deste tão vasto & vário orbe.
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uma sombra que trespassa
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e que oprime e magoa os fantasmas evoluem no seu doudo bailado sua dança macabra tão real como tu, aí, leitor de ficar abismado à força de tanto negrume em zanga e tanto queixume entende: a voz da razão é frágil... os verdetes esmaecidos as bocas bolorentas os monstros qu'examinam os terrores que reprimem são tudo o que há e sempre houve.
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a pintura-pitagórica
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Louca Suicidária Desistente toda branca, alvura-ausente, de carmins desencarnados e azuís de sombra umbrados. marelos nem os tem mascarados de desdém como o verde-aziago que tem parte c'o diabo é una, íris violenta, que a si própria se desventra.
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o esplendor do vermelho. planícies rubras, oceanos sangrando, como vinho as montanhas e o céu de todos-carmim.
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é consensual:
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há algo de prazer na renúncia como de dor e angústia no mais fulgurante delírio. pode um homem viver o caos com a extrema minúcia d'asceta anacoreta ou d'um ilustre profeta.
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o trabalho poético
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tem um corpus como ciência qualquer e também cansa e também desespera mas fica sempre uma dúvida um vago suspenso não-ser até que alguém, resoluto, impõe a consagração (boa-ventura estar vivo se isso m'acontecer).
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a mais absurda alquimia
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é aquela da vida que vive, apenas, para viver; pior que a da Lei que s'alimenta da ordem, da ideia que tudo s'explica por regulativo pensar. ora, a vida nem pensa vive, apenas, até deixar de ser.
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É ensinamento antigo:
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se nada, deveras, t'impoprtar podes acolher a vida com displicente querença deixando o porvir arrivar com tanta mais doce fluência.
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Então tirou o chapéu. Já era de resto tempo. Não fazia falta e se fizesse isso não impediria que um acto sempre banal como é tirar um chapéu se mostrasse naquela peculiar circunstância absolutamente essencial para salvar o vasto orbe. Que por mais torpe que nos pareça é tudo o que temos. Já a bengala de todo em todo trivial objecto a mantém sempre consigo acerta por ela a cadência do passo incerto embora seja sob o pesado manto d'irreprimível juventude. O céu pelo contrário só na aparência aparece como todos os céus. Tem contudo um bestial amplexo com o derradeiro da cidade nas fímbrias d'esquecimento. Reparaste por certo na macabra figura que da escura esquina nos segue e vigia. Falta-lhe o maxilar inferior e dir-se-ia um cadáver não fora o ligeiro movimento que um arguto observador lhe consegue descortinar. Não importa nunca s'aproximará o suficiente para representar vero perigo e de resto prende-te a atenção o reflexo impossível das poças que de largo a largo preenchem o solo ressequido d'estio. Mergulhou, há pouco a sobredita bengala sem tocar o chão empedrado. Depois o braço e ainda assim não s'encontra o fundo mas sente-se algo de múltimo e vário no milimétrico lençol de um líquido que nem toda a boa-vontade poderá chamar de água. Apressa-te, o homem tirou o chapéu.Mas agora que ele vem qu'estacou e andou e é já ido não se desfez o mistério é preciso cavar mais fundo decifrar o impossível. E que tamanho sarilho o chapéu a figura sombria que nos espreita a bengala que penetra na calçada lisa o homem que anda. Apressa-te, o homem se nos foge da vista.
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e se tu fosses o mundo
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um deus que, se bem qu'imperfeito, lançasse languidamente os dados e criasse teratológicos orbes uns a seguir aos outros erguidos e apagados resumidos e destruidos apenas pela desdita de serem teus?
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procuras
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o elemento vital no mais recôndito éter vindimado nos astros de breve e suave vindicta porém através da mais intensa concentração consegues apenas flutuar no vago vazio de ti.
Poema Inquisitivo
Qual o compasso da fé?
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Som de singelo puro, porque tudo é um? Binário porque tudo promana do seu oposto? Ternário porque ternário também é o mistério? Quaternário, d'esplendor pitagórico? Ou, será que é átono, de silêncio & olvido, porque tudo redunda em nada?
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o poeta
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tem algo d'usina: transforma angústia em palavra.
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aguarda
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a plurivocal ideia aquela da cifra adâmica que diz o mesmo em todas as línguas do orbe
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Já repararam?
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O universo todo inteiro brinca experimenta e recombina com suas formas elementares mas que, a dado passo, se complexificam até à vertigem de uma manhã de primavera arquétipo elemental e perfeito. cabe ao triste poeta ter o papel d'imperfeito deus; às arrecuas, desmontar o teatro do mundo, despi-lo até descarnar deixando à mostra e fulgente a singel'ossatura das cousas.
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todo o poeta
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só deve falar de si pois o poeta nada sabe sobre o mundo ou nem isso, talvez, porque o poeta, se bem olhar, nada sabe sobre si mesmo. talvez porque nada sabe, ponto, nem o silêncio lhe baste por desconhecer até o olvido.
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o que me falta?
12:30
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será, tanto descontento, uma condição psico-fisiológica ou produto, espúrio, de um aziago meio? faltará um quimicozinho c'anime este desconchavo que sou, ou, uma tonitruante epifania? talvez, e só dubitativamente talvez, necessite do ar lavado da límpida palavra aquela que, de enxurro, lave quanta mania, langor, d'insofrido desamor à coisa chã, da salutar manhã ao apogeu de Sol do meio-dia?
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Vivo em permenete
12:30
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elisão da vogal essencial.
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perdi sempre o momento.
12:30
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quando se olha o instante aquele passa quando se olha a vida dá-se de caras com a morte e quando nela se pensa vem, subitamente, um desejo de vida, mais d'estase vital que de êxtase.
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Abre-se muito os olhos;
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Menos se vê E pouco se lobriga De quanto esplendor Há no mundo Não é necessário isso Pompas e veludos É tão-só preciso Aquele dom De sentir no escuro
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Um sol enluarado
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Uma chuva de verdim Uma colher e um machado Um toque de policorim
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as ideias
20:00
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são piores que ácaros |