29 abril 2009
(s/ título)
toda a união
é cósmica;
o laço é sem remissão;
alcançar e tocar
é a única tarefa;
que isso ocupe
os dias;
que o velar o seja
também.
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28 abril 2009
(s/ título)
Às vezes,
se me sinto
saco-sem-fundo
e remexo aí
par'extrair
a mãcheia de nada
digo para os outros
de mim -
que, como
sobejamente sabeis,
todo o homem porta consigo:
vem, quando
o canto ínfimo
mas, por isso,
infinito
te cansar o pulmão
ao sossego acolhedor de meu lar
à soleira doce e umbrada
onde só há sossego
e o ar mesmo é mais puro.
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27 abril 2009
(s/ título)
farei
do imperscrutável
uma ciência
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26 abril 2009
(s/ título)
Ah, tomar posse
Do defunto
Esplendor
De minha miséria
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25 abril 2009
(s/ título)
[Estes poemas
São como
Desenhos-em-guardanapos:
rápidos rabiscos
d'emoção.]
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24 abril 2009
(s/ título)
Já sem susto
a reflexão é,
como por aí se vai dizendo,
olharmo-nos adentro.
Mas, quantas vezes,
nessa vertigem
não encontramos polida
opalina superfície conquanto
caleidoscópio e jogo e,
então, tanto nos perdemos.
Eu e muitos antes de mim.
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23 abril 2009
(s/ título)
queria
celebratória querença
um mar
um tempo
vasto & sem fronteira.
A vida é breve
a morte é extensa
e pouco dura
a Primavera.
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22 abril 2009
(s/ título)
pudera a vida ser
constante
instante
perene
celebração.
Mesmo na renúncia,
na luta chã
d'água fresca,
a sã saúde,
todas as simples & belas
cousas
deste tão
vasto
& vário
orbe.
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21 abril 2009
(s/ título)
uma sombra que trespassa
e que oprime e magoa
os fantasmas evoluem
no seu doudo bailado
sua dança macabra
tão
real como tu, aí, leitor
de ficar abismado
à força de tanto negrume
em zanga e tanto queixume
entende: a voz da razão
é frágil...
os verdetes esmaecidos
as bocas bolorentas
os monstros qu'examinam
os terrores que reprimem
são tudo o que há e sempre houve.
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20 abril 2009
(s/ título)
a pintura-pitagórica
Louca
Suicidária
Desistente
toda branca,
alvura-ausente,
de carmins desencarnados
e azuís de sombra umbrados.
marelos nem os tem
mascarados de desdém
como o verde-aziago
que tem parte c'o diabo
é una, íris violenta,
que a si própria
se desventra.
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19 abril 2009
(s/ título)
o esplendor do vermelho. planícies rubras, oceanos sangrando, como vinho as montanhas e o céu de todos-carmim.
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18 abril 2009
(s/ título)
é consensual:
há algo de prazer
na renúncia
como de dor e angústia
no mais fulgurante delírio.
pode um homem viver o caos
com a extrema minúcia
d'asceta anacoreta
ou d'um ilustre profeta.
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17 abril 2009
(s/ título)
o trabalho poético
tem um corpus
como ciência qualquer
e também cansa
e também desespera
mas fica sempre uma dúvida
um vago suspenso não-ser
até que alguém, resoluto,
impõe a consagração
(boa-ventura estar vivo
se isso m'acontecer).
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16 abril 2009
(s/ título)
a mais absurda alquimia
é aquela da vida
que vive, apenas,
para viver;
pior que a da Lei
que s'alimenta
da ordem,
da ideia
que tudo s'explica
por regulativo pensar.
ora, a vida nem pensa
vive, apenas,
até deixar de ser.
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15 abril 2009
(s/ título)
É ensinamento antigo:
se nada, deveras,
t'impoprtar
podes acolher a vida
com displicente querença
deixando o porvir
arrivar
com tanta mais doce
fluência.
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14 abril 2009
(s/ título)
Então tirou o chapéu. Já era de resto tempo. Não fazia falta e se fizesse isso não impediria que um acto sempre banal como é tirar um chapéu se mostrasse naquela peculiar circunstância absolutamente essencial para salvar o vasto orbe. Que por mais torpe que nos pareça é tudo o que temos. Já a bengala de todo em todo trivial objecto a mantém sempre consigo acerta por ela a cadência do passo incerto embora seja sob o pesado manto d'irreprimível juventude. O céu pelo contrário só na aparência aparece como todos os céus. Tem contudo um bestial amplexo com o derradeiro da cidade nas fímbrias d'esquecimento. Reparaste por certo na macabra figura que da escura esquina nos segue e vigia. Falta-lhe o maxilar inferior e dir-se-ia um cadáver não fora o ligeiro movimento que um arguto observador lhe consegue descortinar. Não importa nunca s'aproximará o suficiente para representar vero perigo e de resto prende-te a atenção o reflexo impossível das poças que de largo a largo preenchem o solo ressequido d'estio. Mergulhou, há pouco a sobredita bengala sem tocar o chão empedrado. Depois o braço e ainda assim não s'encontra o fundo mas sente-se algo de múltimo e vário no milimétrico lençol de um líquido que nem toda a boa-vontade poderá chamar de água. 
Apressa-te, o homem tirou o chapéu.
Mas agora que ele vem qu'estacou e andou e é já ido não se desfez o mistério é preciso cavar mais fundo decifrar o impossível. E que tamanho sarilho o chapéu a figura sombria que nos espreita a bengala que penetra na calçada lisa o homem que anda.
Apressa-te, o homem se nos foge da vista.
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13 abril 2009
(s/ título)
e se tu fosses o mundo
um deus que, se bem
qu'imperfeito, lançasse
languidamente
os dados
e criasse
teratológicos orbes
uns a seguir
aos outros
erguidos e
apagados
resumidos
e
destruidos
apenas
pela desdita
de serem teus?
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12 abril 2009
(s/ título)
procuras
o elemento vital
no mais recôndito
éter
vindimado nos astros
de breve e suave vindicta
porém
através da mais intensa
concentração
consegues
apenas
flutuar
no vago
vazio
de ti.
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11 abril 2009
Poema Inquisitivo
Qual o compasso da fé?
Som de singelo puro, porque tudo é um?
Binário porque tudo promana do seu oposto?
Ternário porque ternário também é o mistério?
Quaternário, d'esplendor pitagórico?
Ou, será que é átono, de silêncio & olvido, porque tudo
redunda em nada?
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10 abril 2009
(s/ título)
o poeta
tem algo
d'usina:
transforma
angústia
em palavra.
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09 abril 2009
(s/ título)
aguarda
a plurivocal ideia
aquela da cifra
adâmica
que diz o mesmo
em todas as línguas
do orbe
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08 abril 2009
(s/ título)
Já repararam?
O universo todo inteiro
brinca
experimenta e recombina
com suas formas elementares
mas que, a dado passo, se complexificam
até à vertigem de uma manhã de primavera
arquétipo elemental e perfeito.
cabe ao triste poeta ter o papel d'imperfeito deus;
às arrecuas,
desmontar o teatro do mundo,
despi-lo até descarnar
deixando à mostra
e fulgente
a singel'ossatura
das cousas.
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07 abril 2009
(s/ título)
todo o poeta
só deve
falar de si
pois o poeta
nada sabe
sobre o mundo
ou nem isso, talvez,
porque o poeta,
se bem olhar,
nada sabe sobre si mesmo.
talvez porque nada sabe, ponto,
nem o silêncio lhe baste
por desconhecer até o
olvido.
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06 abril 2009
(s/ título)
o que me falta?
será, tanto descontento,
uma condição
psico-fisiológica
ou produto, espúrio,
de um aziago meio?
faltará um quimicozinho
c'anime este desconchavo
que sou, ou,
uma tonitruante epifania?
talvez, e só dubitativamente talvez,
necessite do ar lavado
da límpida palavra
aquela que,
de enxurro,
lave quanta mania, langor,
d'insofrido desamor à coisa chã,
da salutar manhã ao apogeu
de Sol do meio-dia?
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05 abril 2009
(s/ título)
Vivo em permenete
elisão
da vogal essencial.
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04 abril 2009
(s/ título)
perdi sempre o momento.
quando se olha o instante
aquele passa
quando se olha a vida
dá-se de caras com a morte
e quando nela se pensa
vem,
subitamente,
um desejo de vida,
mais d'estase vital
que de êxtase.
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03 abril 2009
(s/ título)
Abre-se muito os olhos;
Menos se vê
E pouco se lobriga
De quanto esplendor
Há no mundo
Não é necessário isso
Pompas e veludos
É tão-só preciso
Aquele dom
De sentir no escuro
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02 abril 2009
(s/ título)
Um sol enluarado
Uma chuva de verdim
Uma colher e um machado
Um toque de policorim
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01 abril 2009
(s/ título)
as ideias
são piores
que ácaros
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