29 janeiro 2009
(s/ título)
Muito se vai tentando
No grito múltiplo
No penar inane
Na força
Do viço
Da antiga
Juventude
Assim como, na idade madura.
12:30 | 0 Comentários

28 janeiro 2009
(s/ título)
Quanto quisera
Quanto pudera
Quanto dissera
Quanto amara.
As cinzas
Falam mais alto
O orbe em ruína
O corpo é ruína
Tudo – e tudo que é força & alor –
É mesmo tudo
São fracas presenças de ser
E poder.

II.
O que é o ser,
Vos pergunto
- Até à falta d’assunto –
O pânico e o terror do nada
São tudo o que resta
É tudo o que existe.
Sim.
O que é ser?
Eis a pergunta
Que espera a vera resposta
O ser que é tudo quanto há
Que é tudo quanto
É
Que é esta mesma cadência,
Quer pergunta.
Cadência que,
Como diz o Sábio
É tudo. E,
No entanto, esse tudo – que, relembremos, é essencial –
Parece tão-pouco.
Essa palavra simples
Que alberga a ventura & e os danados
Que tem tanto de desmesura
Quanto d’alvor
(nada nos diz, nada nos sofre)
Nada revela do que é importante.
Sim, o que é importante?
O que conta quando tudo
- como dizem, algures –
Estiver dito e feito?
O deve & haver da
Existência,
A cifra final que vindica
Todo o azedume
Que, aos poucos
- mas firmemente –
se vai acumulando
Nesse rol d’agravamentos
A que chamamos vida.

III.
E temos agora
O que nos ocupa
O que nos preocupa
O que é de saber
E, quiçá, d’esquecer.
O quer é o
Infinito?
Aquilo que não se detém
Mas, também,
Que não
Se deteve
E – sabemos –
Que se não deterá.
Nunca.
E esse “nunca”
Responde e corresponde
Ao quesito: o que é tudo?
Eis, o mistério.
E
O mistério
É a Palavra.
12:30 | 0 Comentários

27 janeiro 2009
(s/ título)
“The best
Laid plans
Of mice and men”
They say, when, they lose
Track of them.
12:30 | 0 Comentários

26 janeiro 2009
(s/ título)
Não há arte suficiente
Neste embotado
Escriba
Para dizer
O quanto
Carece dizer.
Em vão gasta as noites,
Consome os dias,
Deseja e reza,
Profanas musas:
Dai-lhe a Palavra
Ou, então,
Que pereça
12:30 | 1 Comentários

25 janeiro 2009
(s/ título)
Todos somos funâmbulos
D’imprecisa linha-de-sombra
Que separa a realidade de si própria
E de nós mesmos.
12:30 | 0 Comentários

24 janeiro 2009
(s/ título)
Olha o gato.
Não precisas de ter mais do que um gato.
Não necessitas de ser mais do que um gato.
Não careces de querer ter mais do que um gato.
De querer ser mais
Do que um gato.
Um gato é tudo.
É pleno solar,
É total meia-noite,
É destreza e certeza,
Ataraxia perfeita.
Um gato
É
E mais não sabe, não diz, não quer,
E mais não é.
12:30 | 0 Comentários

23 janeiro 2009
(s/ título)
Que velado sentimento
T’atromenta os dias
Te aclara as noites.
Transbrilhante será
O clarão
Da vera
Sabedoria.
12:30 | 0 Comentários

22 janeiro 2009
(s/ título)
Que nada permaneça.
È-me indiferente o penar
Como é, também, o regozijo
De ser quem sou.
Prova uma gota de
Sangue
Para saber
Se, apesar de tudo,
Ainda vives.
12:30 | 0 Comentários

21 janeiro 2009
(s/ título)
O curto-circuito
É o novo grito
Urro em linha-de-terra
Prumo sem sentido
Angústia d’infinito.
Quero dizer-te
Quero,
De uma palavra
Ser o sopro
O único fiel
A alegoria plena
O estágio
Final
Da perpétua evolução.
Ser, mesmo,
A Revolução.
12:30 | 0 Comentários

20 janeiro 2009
(s/ título)
O digital
Está no menear da mão.
O ciberparanóide
S’aflige do eventual-certeiro
Controlo
De seu Grande-Irmão.
A tecitura da realidade
É trama que desfia
Um palimpsesto constante
De nóvel novidade
De cega-rega sem parança
De nó-cego em tardança
Do gume, o fio, o fim
D’aliança
Entre o remoto passado
E, d’inevitável, o incerto
Porvir.
12:30 | 0 Comentários

19 janeiro 2009
(s/ título)
O argonauta do obscuro
Foge da luz
Renega o dia
O argonauta do obscuro
Vive em constante mania
Vê no cosmo
Urdidura
Que desfia.
12:30 | 0 Comentários

18 janeiro 2009
(s/ título)
Era uma vez
Uma nave espacial
Que viajava pelo espaço
Sem ter nada d'especial
A não ser por um desvão
Que continha todo o cosmo
Onde vogava
Uma nave espacial
Que viajava pelo espaço
Sem ter nada d'especial
A não ser por um desvão
Que continha todo o cosmo
Onde vogava
Uma nave espacial
Que viajava pelo espaço
Sem ter nada d'especial
A não ser por um desvão
Que continha todo o cosmo...
(et coetera)
12:30 | 0 Comentários

17 janeiro 2009
(s/ título)
Uma preguiça
De corp'inteiro
Um torpor
D'insofrimento
Nem cortina
Ou reposteiro
Tapam
A luz oclusa
(em langor)
de meu lamento.
12:30 | 0 Comentários

16 janeiro 2009
(s/ título)
Ajuntai ao canto
Cavo
Da terra
O trinado
D'arqutípico
Pássaro.
12:30 | 0 Comentários

15 janeiro 2009
Rima Cambada
A milimagens-por-segundo
Se vive neste mundo
Rotundo, absurdo,
Pensando, com tudo,
Que o futuro já veio
Aconteceu,
morreu
e foi
pró céu.
12:30 | 0 Comentários

14 janeiro 2009
(s/ título)
A névoa opaca
Que m'oprime
O peso de ser
E me saber.
Mesmo se
Pena
Seria plúmbea
Pluma.
12:30 | 0 Comentários

13 janeiro 2009
La-bo-ra-tó-ri-o
Um unto viscoso
Uma mezinha esverdeada
Um chá, Perlimpimpim,
De raiz de mandrágora.
Enquanto, d'enxurrada,
Dá as horas
A clepsídra
Sem pinga d'água.
E sais e pós e tirolí
Benjoim e noz-moscada.
Substâncias de uso confuso
Em bigornas de uso contuso.
E alambiques são mais de mil
Um pra cada alor
Assim dispostos
Na Grand'Escada.
Um grimório esmaecido
Mui bem guardado
Por tal quimera
Desenfreada.
E tubos e pipos
E tonéis
Tornos e torniquetes
E galos e cabras,
Negros, pra três
Banquetes.
E redes pra anjos
E fadas
E filtros e coadores
Pra bílis, éter
E outros humores.
Uma retorta de nácar-perla
Com arcana poção
Já macerada.
E tudo isso
- e o mais qu'houver -
Redunda em quê
Senão em
Nada.
12:30 | 0 Comentários

12 janeiro 2009
(s/ título)
No pleno de mim
Sou oco.
Pugnai,
O nada libertado
A indigência
O enxurro
do mundo.
12:30 | 0 Comentários

11 janeiro 2009
(s/ título)
In the Land of Nought
The birds are not
The sky is grey
And the men ask
“What???”
But the women
know what it is
and what is knot.
12:30 | 1 Comentários

10 janeiro 2009
(s/ título)
Copiai, em verso branco,
Os sentimentos dos outros
Copiai, mesmo, os poemas dos outros
Sugar seu doce tutano
D'amargor é vida,
Quadruplamente, quando
se não tem alor
se não tem fervor
se não tem espera
se não tem, ao menos, valor.
12:30 | 0 Comentários

09 janeiro 2009
Do Poema Final
Quisera um largo poema
Como uma fuga de Bach
De gongórico rendilhado
D'infinda mesura contida.
Na palavra um sôpro
No sôpro um alor
Nessa, mil-manhãs
D'Estio ou ditosa
Primavera.
Mas a noite, d'anis
Profundos e quantas auroras
Houve na breve história
Do mundo.
E todos os pássaros,
E toda a zoológica
Variedade da Creação.
Quisera usar linguagem chã
Universal, total, radical
Em sua peculiar & singela
Declinação.
E quanto de tempo?
E qual a errância?
E o muito que velar insone
Batalhar inaudito, mil vezes tentado,
Por segundo, por tanto poeta do orbe?
Quando numa única extática fulguração
O confuso do sentir e do sentir o penar
Se faz claro e límpido e transparente
Na sua mundana imanência
Embora, então, não sejamos
Já nós
Conquanto albialada figura
Que fala por nós
Que diz aquilo que nos é
Interdito dizer
Que realiza o gesto
Que é a cifra final
Que marca a hora do novo começo
De um tempo sem tempo
Da obsolescência do ódio
Da morte da guerra
Da abolição da vária pestilência
E de tudo o que magoa
E de tudo o que mal-trata
E de tudo que é carência.
Quisera, a fim, alcançar o voo
E nunca, nunca, nunca
Mais
Olhar
Em vão.
12:30 | 0 Comentários

08 janeiro 2009
(s/ título)
estou cheio d'essência
e, no entanto,
já não sou.
12:30 | 0 Comentários

07 janeiro 2009
(s/ título)
É naturalíssima a paixão d'indolência
Quando nitidamente se vê quão oco
É o teatro do mundo
E o ridículo de nós.
12:30 | 0 Comentários

06 janeiro 2009
(s/ título)
Sofre a experiência da perda
E terás a decência de perceber
Que não diferes, em tamanho e essência,
Do mais humilde ácaro
Qu'habite qualquer mundo de pó.
12:30 | 0 Comentários

05 janeiro 2009
(s/ título)
A poesia é sempre um resto
Um vago ou exacto precipitado
Daquilo que fica do dia
Ou do muito da noite.
12:30 | 1 Comentários

04 janeiro 2009
(s/ título)
Por ventura
Rezais
Ao Deus-Maior
Amplo como a noite
Vasto como o mar
Mas ágil como um gato?
12:30 | 0 Comentários

03 janeiro 2009
(s/ título)
Quanto mais se lê
Mais se funda
O artifício
De fazer nossas
As palavras dos outros.
Porém, não tem mal esse destino,
Nem ser néscio
Nem ninguém.
Só é pena este buliço
Que, já vivido e melhor dito,
Por outros, ser meu agora ainda.
12:30 | 0 Comentários

02 janeiro 2009
(s/ título)
Sossego em ser banal e corriqueiro
Não inovar, disrupção já a tenho
Que baste.
Um jogo,
Um jogo apenas.
12:30 | 0 Comentários

01 janeiro 2009
(s/ título)
Eu tenho palavras de vento
Palavras de vento eu tenho.
Vão-se com um sopro.
Mas, que é a vida
Senão isso?
12:30 | 1 Comentários

Nome: João Pereira de Matos Cidade: Lisboa
Curriculum Vital
escrevinhices@gmail.com

-----
Em Colaboração

Apenasblogue
As Partes do Todo
Big Ode [big oud]
Blogue das Artes
Callema
Minguante
grandePEQUENO (site)
grandePEQUENO (blog)
Rádio Zero
Revista Piolho

-----
E-books

Histórias Sem Tom Nem Som
The Tail Spin
Rgb
Prontuário Identitário
17 Propostas

-----
Blogues do Autor

Iluminarium
Blogalquímico
Diário Informal
Desenhos em Azul
X-Acto

-----
Outros Sítios do Autor

Twitter
Facebook
Youtube
Myspace (Música Sintética)
T.V. 2.0

-----
Atom Feed

---Feed (me Seymour!)---

-----
Escritos d'Agora

Escritos d'Antanho

-----
Blogues Amigos

A Arte da Fuga
Às duas por três...
Butterflies & Fairies
Indústrias Culturais
Micro-Leituras
Pátria Língua Portuguesa
Retroprojecção
Rua da Judiaria

-----
Outros Blogues

A Barriga de um Arquitecto
Anarca Constipado
A Natureza do Mal
Azeite&Azia
Blogotinha
Blogzira (ex-Vitriolica)
Cadernos de Daath
E Deus Criou a Mulher
Miniscente
Montag: by their covers
o café dos loucos
O Século Prodigioso
Rititi
Um Fernando Pessoa

-----
Sítios Interessantes

Projecto Vercial
Ciberdúvidas
Technorati
Público
Apenas Livros
Stat Counter
Diário Digital
Ubu Web
NotCot

-----
Ficha
Todos os textos, desenhos e ilustrações são originais do autor.
Captação fotográfica de Ana dos Reis Almeida.

Creative Commons License
blogue licenciado por uma Licença Creative Commons.