30 setembro 2008
(s/ título)
Quisera ser poeta
De cristalina transparência
(daqueles que não s'auto'eclipsam-
&-confundem
sabotando-se, amiúde,)
Quisera ser poeta
D'etérea transcendência
(daqueles que não s'apoucam)
Quisera, por tanto, ser poeta
Dos nimbos-eternos
(mas com os pés bem assentes na terra).
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29 setembro 2008
(s/ título)
A depuração extrema
É apanágio
Do Anjo.
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28 setembro 2008
(s/ título)
Mesmo no consabido a
(já de si deletéria)
cor do ser
murcha e fenece
e, também aí,
por alma & amor
às coisas vãs,
ou que perdurem,
a morte reina,
reina sempre
ad seculum seculorum.
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27 setembro 2008
Solilóquio D'um outro Devir
#1
No puro êxtase encontrarei,
a fim e a final,
o vero caminho
d'esta alma errante?

#2
Mas que êxtase é esse
senão também estase?

#3
Pairar, sem nenhuma outra destinação?

#4
Pois, só, quando se devem poeta
se descobre
Que a funda fundura,
a vertigem e alor
Sempre lá habitaram
Tão doc'aceradas
Quanto
Adormecidas.
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26 setembro 2008
(s/ título)
Nem toda a desmesura
é a vera dimensão do orbe.

(antes pelo contrário,
quando a angústia é,
está & aperta).
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25 setembro 2008
(s/ título)
É tudo viagem e vertigem; tanto Argonauta da Loucura quanto pedonal errância.
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24 setembro 2008
(s/ título)
N’hodierna economia d’atenção não sou mais qu’indigente creatura.
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23 setembro 2008
(s/ título)
Para lá, muit’ajusante e por isso mesmo, do Rio Letes, como sabeis, s’encontra a Biblioteca dos Livros Perdidos, estes da memória dos homens e assim de quanto tomo em mirabilia.
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22 setembro 2008
(s/ título)
Mesmo não sendo - como não sou - aquele do Povo da Luz, muito a invejo e desejo.
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21 setembro 2008
(s/ título)
Toda plenitude, por muito e tanto que nela s’esconda de funda negrura, toda a plenitude, dizia, é solar.
E, contudo, decerto, o pior ainda está para vir.
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20 setembro 2008
Ariadne
Qual o nome comum ao novelo e à roda e, por tanto, de toda humanidade?
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19 setembro 2008
(s/ título)
Pairar, procurar, pairar; topar, a fim, c’oa justa medida, a íntima fulguração, única e última de tão cansada verve.
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18 setembro 2008
Comunidade
A ética através da estética. Não é demais insistir que no cerne nodal do belo kantiano está o germen de um caminho vital: nem a hipostasiada razão, nem a seca moralidade mas o moto-perpétuo do sonho.
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17 setembro 2008
(s/ título)
Por mais logro e repasto é o gesto.
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16 setembro 2008
(s/ título)
Sete sábios em sabatina sem chapéu e nem batina.
Já o maestro matuta: onde deixei (a batuta)?
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15 setembro 2008
(s/ título)
Trintaetrês luminárias luminando suas áreas que. Sendo unas também são várias que. Não são reis nem são párias. São. Nunca tolas ou pilhérias. Essas tantas almas sérias que.
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14 setembro 2008
(s/ título)
Agarro a vida com dois dedos e, vigorosamente, sacudo-lhe o pó. Nem por isso m’aparece senão tecido pard’amarrotado.
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13 setembro 2008
(s/ título)
Tenho Saudade de um mundo só de Primavera, d’alegria e alor.
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12 setembro 2008
(s/ título)
Eis o Ovo-Negro, aquele de sacra-escusa génese e progenitura.
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11 setembro 2008
(s/ título)
Cada uma das palavras tem o seu próprio mundo e eu - que nunca mais quero dormir - não tenho parte e conluio com o sentido (apenas, de boa ventura o permitam os augúrios, com o sentir).
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10 setembro 2008
(s/ título)
O local, se bem c’austero, das cinco sete mil fulgurações, esse e aquele arroio dos lobos em sua hora.
Que não o soubesse, por símile imagem, Caronte.
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09 setembro 2008
(s/ título)
Arte e filosofia são de reconhecida confluência. Com a cautela, porém, que se deve reservar a qualquer totalidade.
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08 setembro 2008
(s/ título)
Se o pensamento fosse acto. Se o acto fosse instituição, nesse vast’imenso mundo, de perene existência.
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07 setembro 2008
(s/ título)
Aquele, (beatífico) tempo d'egomundo todo imerso.
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06 setembro 2008
Do Quase-Estilo
A procura de um estilo é, também, a procura de uma fórmula e, idealmente, de uma fórmula para lograr tantas quantas fórmulas se desejar (que são muitas mas não infinitas).
[A fórmula é: que toda a escrita seja, ela também, a fórmula (ou forma) transfixada pela boca dos anjos.]
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05 setembro 2008
(s/ título)
Um gozo baboso, antegozado & pressuroso.
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04 setembro 2008
Ars Longa...
Não há tempo. Não há tempo, sequer, para lograr atingir aquele limite inferior da perfeição.
Em boa verdade, (todos) nascemos mortos.
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03 setembro 2008
(s/ título)
Respondei-me, deslindando, est’abissal paradoxo, como, aliás, deve ser qualquer digno desse nome: toda a angústia é infinita, pois, por muito d’aperto que seja, é d’infinda mesura seu quantum matricial de manso pavor em vertigem & desespero.
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02 setembro 2008
(s/ título)
O tão falaz acontecer, como quem diz, Hoje é o dia.
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01 setembro 2008
(s/ título)
A infame funesta falsa figura.
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