29 junho 2007
(s/ título)
se a morte, essa daninha, te espera, como, de certa atinada certeza o faz, tal-qualmente, aliás, sempre fez e, de consabida previsão, não deixará de fazer, então sossega aguarda pela sua certeira chegada, a não ser, claro está, que ela de cenho arregaçado, empunhando a fria gadanha ou, quiçá, outro mais moderno aparato de mondar os campos-de-gente encontre, ela própria, por tão antiga ou até enfado, o fim de perecer, isto é, de a morte mesma morrer; de todo o modo, a pergunta que tão descabida hipótese coloca ao vivente, em rigor ao sobrevivente - que somos todos, eu que ainda escrevo esta linha e tu que me lês agora - é: se a morte morresse quem a ceifava, assegurando também a escolta e o Norte em direcção ao último destino? iria ela sozinha pelo caminho que jamais de singelo alguém trilhou, ou haveria uma sobremorte, de carranca capaz d'assustar e fazer temer aquela cruenta que nos aflige? ouço-te, de resto, contra argumentar, Disparate, a morte não pode morrer, ora por não querer ir sozinha, ora por fazer falta ao justo equilíbrio da renovação, ciclo vital do que é matéria viva-pulsante, ora, em fim, pela pura-simples razão atrás aventada de não ter ela, a mais triste por suportar infinda existência, quem lhe dê o merecido descanso após tanto trabalho e constante cuidado a prover o previsto desfecho à ensandecida perfídia dos homens.
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27 junho 2007
(s/ título)
D'orbicular concêntrico mistério este pequerrucho apodado de mundo, onde tudo se toca, entrechoca e contamina; e o tempo, que cria e erige e apaga, transcende transcorre tão-só ficando (quando fica) um resíduo de memória
20:32 | 0 Comentários

25 junho 2007
(s/ título)
letra a letra, uma só frase; assí se constrói o mundo
22:52 | 0 Comentários

17 junho 2007
(s/ título)
Profícua profunda profusa vostra gran soledade; dilatada por mil sóis em zénite d'oiro mas de una Lua no seu penar d'argento, selene em singelo de minh'alma só
04:39 | 0 Comentários

15 junho 2007
(s/ título)
Conquista o mundo e o céu, príncipe, apogeu soledade, coruscante Sol de meio-dia.
00:52 | 0 Comentários

14 junho 2007
(s/ título)
a diferença entre a boa e a não boa prosa é, como sabeis, o tempo
19:32 | 0 Comentários

10 junho 2007
(s/ título)
policiando-me, ficar aquém é sina e senda da pura presentação de mim a mim mesmo
04:59 | 0 Comentários

09 junho 2007
(s/ título)
D'aescrita ao desespero; (desterro, por mor de) letra após letra a caminho do nada;
02:40 | 0 Comentários

08 junho 2007
(s/ título)
careço de toda a acção, que a toada, ufa-ufa constante, me liberte; aquele, era cavaleiro d'encurvada catadura, triste e sereno, eu, nem de burrico, upa-upa & vai a pé
04:03 | 0 Comentários

07 junho 2007
(s/ título)
transbordant'alegria & alor, tamborilando, nos tampos de tantos de copos? um mar, nas tabernas (é do vinho, beberucho cachucho beberacho, não liguem Senhores, ao amigo da pipa e da pinga, dilecto agraciado c'oa benção d'esquecimento e, ora, não mais lacrimoso)
03:49 | 0 Comentários

06 junho 2007
(s/ título)
queria falar e dizer nada ou, d'inverso, saber o todo de tudo e, sem emitir som ou ruído, tudo dizer de cabal e distincta figura, dilucidando o que há a separar e unindo, de bom venturoso casório, o que de síntese é carecido
02:21 | 0 Comentários

05 junho 2007
(s/ título)
as terras, por mais desertas, desoladas, d'ocre duro, ainda, ainda são, escaveirados tugúreos onde, outrora, viveram, viveram gentes, e choros e gritos e almas e alegrias soavam e ressoavam, na consabida adveniente missão d'insuflar vida à morta pedra.
03:18 | 0 Comentários

04 junho 2007
(s/ título)
quanta terra e pouco Sol; tanto peixe, nem um anzol; todo o céu nenhum azul; mais que fausto pra um taful; um comboio anda a carvão sem caldeira em combustão; una pêra ou a maçã dão alor pla manhã;
19:08 | 0 Comentários

03 junho 2007
(s/ título)
vou e todo o orbe comigo, o dia não é só hoje, qual seja, repito, a incindível mesura do tempo, clamando por quem fui, o peixe, contudo, salta ladino, qual seja, repito, a infinda mesura de tempo
19:05 | 0 Comentários

02 junho 2007
Tempus Fugit
uma coisa, porém, se diga do tempo: ele passa; ora suave ora a penas, agora lépido e tão demorado, não importa o epíteto adjectival que lhe colemos aos pés: ele passa; o pó e o gelo, o mar e o céu, isso não lhe concerne: ele passa, quer o céu se transmute em água, esta em gelo e, por qualquer maravilha d’alquimia, tudo desemboque em purulento destino: o tempo, fleumático se assim lhe quisermos chamar, encolhe (demoradamente?) os ombros e faz o que lhe compete fazer: passa; não adianta pegar firmemente no ponteiro das horas, sabotar o dos minutos e extirpar o marcador dos secundários segundos a todo o cebola a que deitemos a mão, o tempo, esse tratante, sendo, como é, igual a si próprio, teimosamente, passa;
mas, na hora da nossa morte olha para nós, detém-se um pouco e uma última esperança, como um raio de fulgurante luz, irrompe-nos, incontido, pelo espírito, Se ele se detivesse, aqui, ao pé de mim, jamais estertor eu sentiria nem o subsequente aventurar pelas ignotas terras que não permitem regresso ou mensageiro que diga aos vivos, Nós estamos bem e é tão belo, quando chegar a vossa hora rejubilai;
todos o sabem, porém, qu'esse doudo pensar é loucura de morituro: ele, o tempo, passa e nós, então, passamos com ele.
00:08 | 0 Comentários

01 junho 2007
(s/ título)
Eis o guardador da chave, que a transporta, como deveis calcular para maior sossego e cuidado, ao pescoço. Essa abre para as sete setenta portas que dão o almejado acesso, e só esse de porta em porta, a sete outras setecentas que permitem alcançar os solitários caminhos das sete setenta mil portas que escondem (mas também poderão revelar) cada qual o seu misterioso, definitivo e final segredo.
Uma explica, cabal completamente, os inumeráveis peixes, outra as plumiformes aves, outra os leopardos, outra as montanhas, outra as leves nuvens e as mais etéreas estrelas, os duros cravos da cruz, o mar e os rios, o canto e a voz, os instrumentos de culinária, os rios do nosso sangue, as pulgas, as moscas, o suave trinado, o próprio rouxinol, os elefantes, as casas, os labirintos, a saída dos labirintos, a perdição nos labirintos, as rugas e cãs que vos comovem, a alba e o crepuscular ocaso, o acaso, os trens, os cavalos, as chaves, as portas, o enlutado, as searas, os degraus do patíbulo, os cães, os cães raivosos, as árvores, as plantas medicinais e a medicina, os venenos, as invejas, os penicos, a alma que s’evola do corpo, o corpo, o porco, o pêlo, o novelo, o gato que brinca, os telhados, as cercanias, as piruetas do velhos, as cabriolas da noiva, a festa e o de comer, a bebida e a sede, o dessedentado, o ídolo carcomido, o dente cariado, as vagens, os tapetes, os taipais e canivetes, o mandarim refinado, o azeite, o vizinho agastado, a morsa, a cabala, o anzol, a centelha e o trovão, o crepitante fogaréu, o lar, as pantufas, os tesourões, os tubarões sangrentos e ainda esfomeados, os dobrões que já s'esverdinham e o verdete, as tarântulas, a meia-luz, a meia do sapato, a sola do sapato, o prego no sapato, as camisas de punhos em primor, os botões, as decisões, as circunvalações, as convulsões, revoluções e outras questões que entretêm os homens e os distraem da soberba desse qu'esconde e preserva a cifra do cerrado umbral de toda quanta maravilha.
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