08 fevereiro 2007
(s/ título)
Ninguém, nunca, jamais todavia de fina e doce extracção, dulcíssima, edulcorada por fofas almofadas de conforto terreno, mimos de pastel e bolos, criados de linda libré e outras luxesas. O facto, permanece, como ontem - e há quem diga, sempre - se, nem por isso, cresceu feliz em meio às sedas e veludos e cetins, antes por desafortunado contrário, um desamor em desapego a tudo e a todos, e quantos foram a cruzar-se por ínvios ou rectos caminhos não mais do que uma olhadela, fortuita e discreta. Não julguem, meus caros, que é benção, riquezas e fleuma mas ominosa e triste maldição de ser assim e percorrer o mundo, embora sem vontade, à procura d'alor.
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07 fevereiro 2007
(s/ título)
Sonho - e estou acordado - c'o a vera linguagem dos homens, verbo final d'adamica adveniência, onde o nomear exacto exuma os corpos, onde é clara e luminosa a clareira d'entender, onde se diz hoje o que amanhã soará e tudo é um. Sei, que o advento ainda não é, mas sinto, com igual força, que está para breve, não digo num compasso de suspiro, nem sequer do voo d'andorinha, mas do escoar das areias se depreende que muito não falta nem muito pode faltar. Pois é louca e livre a fome, e a dor e a peste e engano e, se umas e outras perseguem as gentes, são encobertas - as daninhas - plo som surdo e mouco de quem fala para não ser ouvido, de quem escuta coisa nenhuma, que o diálogo não sobrevem nem sobrevive, não subsiste nem subjaz, quando é curta a palavra e o nome não revela e s'esconde, matéria negra, deletéria, tanto fere e mata sem um eco que seja. Outrossim, o tempo é escasso, para dizer tudo isso, e mesmo para inventar, reformulando, o velho, gasto vetusto, latinório que serve e serviu quando bastava dizer o necessário e não, como agora se bem vê, que se faz mais do que urgente gritar o que falta, o que nunca houve e terá de ser erguido, contra o vento cortante e o mar salino, contra a torpe verve daqueles que prosperam na derrota, contra, enfim, contra as lâminas cortantes e finas, que rasgam tecidos e osso, e pedras de contundente coturno que chovem intempestas, que soterram ímpias e brutas, como só elas sabem ser. Ademais, outras bestas há, que aguardam a nova epifania para semear a discórdia, as invejas e veneno.
Se for possível dizer o que é mister calar issone.
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06 fevereiro 2007
(s/ título)
Meus passos levam e transportam, deambular perambulantes, aí por aí, na volta dos caminhos, nas escuras & escusas das vielas, dos becos e pátios e, de há muito, também patíbulos, no exacto lugar da encruzilhada onde tudo flui, reflui e conflui ou talvez onde o nada se faça presente e austero na sua natureza de coisa nenhuma que, no entanto, assola os viventes sedentos de ar e de ser e de amor ao que é d'amar e de asco ao que fere e é duro e é mau e ruim, pois todos aqueles que procuram, buscando a vera senda, haverão d'encontrar o que para eles está, desde sempre, de perene em suspenso, guardado e resguardado por terríveis tremendos mastins que de uma casa levam palmo e que fazem tremer de pavor o mais audaz usurpador; pelo que é, assim destinado andei calcorreando tanto o orbe que lhe conheço as esconsas reentrâncias dos recovos tão umbrados que se não diria que conhecer fosse possível até a mais do que um homem mas é e para provar, se prova carecesse a minha mui grave e austera figura, aqui tentes encerrada em meu punho cerrado as chaves e senhas de todas as portas portões e portadas qu'escondem dos olhos dos ímpios e dos imerecedores curiosos setenta e sete faustosos segredos que dão paz e dão terra e dão ar e dão ouro e dão chão e dão guerra e dão a sã saúde aos moribundos e dão livre passagem pelo rio de negras águas e dão luz a quem a não vê e dão o propósito vero e final a quem procura e não encontra, a quem anda perdido sem saber que se perdeu e a quem alegria não teve e não tem mas sonha, ainda, com o dia em que a dívida de ser, assí tão triste, será remida pela recta presença de um anjo fiel.
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05 fevereiro 2007
(s/ título)
E digo Eu Conformado ao de Mim Reformista, num falar desanimado, assim, em vácuo solipsista: pra quê tanto alarido? A vida é cousa de pouca monta, ficai aí, co'medindo o prigo, de tudo que tem ponta. Retorquir é coisa vã tanto o mal c'assi desponta. Quedo e mudo pla manhã, calado, terás a tua conta.
Sem demora, o grito ingente d'alter egos exigentes: ouve tu, ó borra-botas, lá que fiques tão são serenado é cousa que me diz nada, a alegria de desvendar é motor e chão dos afoitos. E sou, eu mais que todos, audaz e tremendo, ulando e ufano por prados e campos. Nada me dá medo e mesmo o furibundo dragão que pela venta incinera o incauto treme e s'afugenta quando, tremebundo, sente os meus passos.
Tal dislate no falar é mesmo próprio de quem não pensa - só age - em demente vertigem e quer tragar o mundo como quem abocanha um mero pomo. Olha, que podes ter surpresa, cair na ribanceira, de tombos em tombos, inté ao Érebo. E não digas, quando o mal for consumado, que não fui eu - o ignóbil timorato - a'visar de conselhos com a fartura de quem pensa e mede e s'esconde do mau e do ruim, da lâmina que fere e mata.
Pois seja, mas e a vida, plena de golfadas d'aventura? Será possível viver sem recombinar as experiências adivinhadas no porvir? E quedar-nos nós, em imota idiotia não será pior do que olhar a Cruenta e dizer Xu, em era-má vieste, mas levar-me te não deixo.
E crês tudo, ó infeliz, que não é célere e fatal a gadanha? Podes contar com teu melífluo palavreado para enganar os ingénuos mas ninguém a engana quando Ela decide aproveitar o momento d'estertor que tu próprio engendraste, na louca senda do desafio.
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(s/ título)
Melíflua a tua voz d'austera insipiência ou de sabedoria vã e senhor que dias e dias são, que dias e dias, corretio, não são dias ou noites, claro está, sem Sol ou outras distracções c'abafem ou camuflem o suave soar do teu dizer e já o sabes, bem e melhor do que ninguém, de canoras ressonâncias pois, melíflua é tua voz d'austera insipiência ou de sabedoria vã e senhor que dias e dias são, que dias e dias, corretio, não são dias ou noites (nem umbradas e com nuvem), claro está, sem Sol ou outras distracções c'abafem ou camuflem o suave soar do teu dizer e já o sabes, bem e melhor do que ninguém, de canoras ressonâncias sendo, assí, melíflua a vossa voz d'austera insipiência ou de sabedoria vã e senhor que dias e dias são, que dias e dias, corretio, não são dias ou noites, claro está, sem Sol ou outras distracções qu'escondam ou camuflem o suave soar do teu dizer e já o sabes, bem e melhor do que alguém, de canoras, cristalinas, ressonâncias não fora, por conseguinte, mais e mais do que todas, melíflua (a tua, só tua) voz, que é como quem diz, leda, doce e de toda a paz por quantos mundos e mundos e sóis.
00:04 | 0 Comentários

03 fevereiro 2007
(s/ título)
Ademais, porque me foi ofertada a palavra, não o sei. Ainda, quando não para sempre. Durante tempos e tempos, longamente, deambulei peranbulante, interrogando mudamente as coisas. Estas falavam-me mas eu, em era-má, não lhes podia responder. Por isso o isolamento era um companheiro, um amigo onde inarticuladamente mantinha o solilóquio possível, nesses recovos de mim, mas com o alvar entendimento de quem está condenado à demência natural que a privação do justo e leal manuseio do verbo impõe. Sei, contudo, que num claro e cristalino momento, quis o Altíssimo que o luminoso do dizer s'acendesse, finalmente, em meio do vacilante espírito e o que era informe pensar ganhasse a ágil vida de dizer, Assim é o mundo, verde, puro e primevo e não mais estarei apenas dentro, poderei, doravante, falar com a pedra e enformá-la em mó, chamar Eolo para que enfune a vela, mimar o trigo e pedir-lhe grão. E todas as demais coisas - e que tantas são - que me faltam os anos para engendrar, de própria e vera maneira, o seu minucioso relato. E assim, d'ufana exaltação, tudo fui a dizer numa ventura de ledo abandono que nem se vislumbrava limite ou término até compreender, de súbito e igual modo ao da primeira revelação, est'outra pertinaz e terrível, de que, se o mundo está aberto ao feliz nomear iludir-me-á, quiçá perenemente, para grande mortificação da voraz inquirição e mesmo que Seu dilecto - ou, talvez, por isso - a razão fundadora deste inesperado dom, pois serão, por demonstrável e seminal natureza, imperscrutáveis os misteriosos desígnios de nosso Santo Pai & Senhor.
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